Mais de 63% das mulheres agredidas durante as relações conjugais, em Curitiba, trabalham fora. Quase 79% destas mulheres sofrem violências dentro de casa. Um grupo de 55% das vítimas foi agredida mais de dez vezes. Cerca de 64% delas cursou o ensino fundamental. A maioria dos agressores também possue emprego (72% deles). 80% destes homens sofreram violência na infância. Eles vitimam suas mulheres com maior frequência aos finais de semana, quando foram registradas 35% das ocorrências. Esta é a constatação de uma pesquisa realizada na Delegacia da Mulher, de maio de 1999 a outubro de 2000.
Um grupo de 3027 pessoas que procurou a delegacia, neste período, foi entrevistada. O objetivo da pesquisa foi detectar as reais condições nas quais acontecem as agressões para traçar mecanismos de prevenção, através da integração entre os órgãos públicos e a sociedade.
Segundo a delegada da Delegacia da Mulher, Darli Rafael, a constatação dos dados derruba alguns mitos, como o de que a maioria das mulheres agredidas não trabalha fora, é submissa e por isso suporta as agressões. Outro dado que causou surpresa é que os agressores sofreram violência na infância. "Na verdade, eles também são vítimas e só repetem aquilo que aprenderam. Por isso, é importante assistir a família desta pessoa para que os filhos não sigam o mesmo caminho".
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Pela pesquisa, foi confirmado que a escolaridade é um fator importante quando se trata do exercício da cidadania. "Poucas analfabetas denunciaram seus companheiros, apenas 0,7% delas", explicou a delegada.
O álcool e outras drogas durante as agressões foram registrados em mais de 50% dos casos. Os bairros Lindóia, Guarituba, Campo Comprido e Centro são os que apresentaram maior índice de violência contra a mulher.
O próximo passo agora será oferecer atendimento para as vítimas em cinco unidades de saúde de Curitiba. Em seguida, serão construídos locais para acolher estas pessoas através da Fundação de Ação Social (FAS).
O Sistema Integrado de Informações para Prevenção de Acidentes e Violência (Sipav) foi criado em função dos distritos policiais não possuírem estastísticas sobre as ocorrências. O trabalho foi uma parceria entre o Ippuc (Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba) e as secretarias Estadual e Municipal da Saúde.