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Polaco da Nhanha: da memória para a tela

Simone Mattos - Folha do Paraná
10 dez 2000 às 14:28

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Uma família curitibana de origem polonesa, numa noite fria do inverno de 1962. Esta é a base da história contada pelo curta-metragem "Polaco da Nhanha", dirigido por Eloi Pires Ferreira, que acaba de ser filmado e entra agora em fase de finalização. A montagem será assinada pelo experiente Mauro Alice e o lançamento está previsto para janeiro de 2001.

O diretor, que também escreveu o roteiro, conta que o trabalho de reconstituição de época foi complexo. Detalhista, ele chegou a regravar várias imagens do "Telenotícias Transparaná", o principal noticiário da época na TV, com o mesmo apresentador, Sérgio Luiz.

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Em cena, a televisão ligada funciona como pano de fundo. Além do telejornal, as imagens revelam vários filmes e propagandas da época. "Foi um trabalho difícil de garimpagem", explica Ferreira.

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Apesar de não ter sobrenome polonês, ele explica que também é um descendente, pelo lado materno. Os 15 minutos de filme inevitavelmente trazem vários elementos autobiográficos. "O protagonista, que é o avô, é muito parecido com o meu próprio avô, que veio de uma família de lavradores poloneses", diz.

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Na trama, ele é um contador de histórias e causos, que consegue atrair a atenção do neto. Quando toda a família sai para ir ao teatro, apenas os dois ficam em casa, com a TV da sala ligada. Entre comerciais, notícias e seriados da época, o menino revisita suas origens através dos relatos do avô.


Algumas destas histórias são recordações dos anos 30, o que dificultou ainda mais o trabalho de reconstituição de figurino e cenografia. As locações foram feitas nos municípios paranaenses de São Luiz do Purunã e Pien, onde há muitos casarões antigos de poloneses. "Estes locais representam os arredores de Curitiba de décadas passadas", explica.

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Alguns quarteirões do bairro curitibano Jardim Botânico, onde as ruas ainda são de paralelepípedo e as casas antigas conservadas, também foram utilizadas nas locações do curta. Os móveis foram emprestados por famílias de origem polonesa e a maioria dos figurinos fazem parte do acervo do Teatro Guaíra.


Em tom de crônica, "Polaco da Nhanha" tem a pretensão de "cuidar da memória e resgatar coisas que estão se perdendo". O diretor lembra que Curitiba é uma das cidades do mundo com maior concentração de descendentes poloneses, algo em torno de 600 mil pessoas. "Portanto, ao focalizar o ambiente de uma casa de polacos, também resgata-se muito da identidade curitibana".

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Gravado em 35 milímetros, "Polaco da Nhanha", tem um orçamento próximo a R$ 120 mil, parcialmente garantido pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura. Após o lançamento, o diretor pretende exibí-lo em festivais de curtas do Brasil e exterior, além de incluí-lo no circuito de cinemas em Curitiba.


A expectativa é superar o público de cem mil pessoas que assistiu ao último curta-metragem dirigido por Ferreira, "Valdir e Rute", lançado há três anos.


Otimista com o futuro do cinema paranaense, ele e um grupo de realizadores, incluindo o cineasta de Londrina Caio Júlio Cesaro, estiveram reunidos na última quinta-feira com a secretária de Cultura Mônica Rischbieter, em Curitiba.

Eles apresentaram 13 curtas e longas-metragens realizados em Curitiba, Cascavel e Londrina. Todos estão com as etapas de filmagens concluídas, apenas aguardando recursos para a finalização. "É uma safra muito boa, que pode garantir grande representatividade para o Paraná", diz Ferreira. Os cineastas esperam para as próximas semanas uma resposta da secretária de Cultura.


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