Cerca de 150 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, na segunda-feira, quatro dos 84 lotes do assentamento Santa Rita, em Peabiru (12 km norte de Campo Mourão). Eles querem que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) redistribua os 32 lotes da área que foram vendidos irregularmente por antigos assentados.
''Estamos aqui para garantir que o Incra avalie a situação'', disse um dos sem-terra que se identificou apenas como ''Pereira''. Dos 32 lotes comercializados desde que o assentamento foi criado, há oito anos, 14 estão na mira do MST. ''Os outros são de famílias que não têm mais nada e se enquadram no movimento'', explicou.
Segundo Pereira, foram ocupados apenas os ''casos mais graves'', nos quais o comprador da área tem outras propriedades e nem morava no assentamento. As casas eram ocupadas por empregados. É o caso de Orlando José Rodrigues. Ele conta que trabalhava para Paulo Roberto de Souza, que teria adquirido a área de um assentado.
Leia mais:
Defesa Civil do Paraná alerta para risco de fortes tempestades de sábado até segunda
Matrículas da rede estadual do Paraná para 2025 encerram nesta sexta-feira
Motorista morre e passageiro se fere em capotamento em Pérola
Passageiro de van morre em colisão contra base de concreto em Engenheiro Beltrão
Rodrigues entrou no MST e agora é apresentado como novo dono da área. Os moradores dos outros três lotes não tiveram a mesma sorte e foram obrigados a deixar as casas. De acordo com Pereira, outros agricultores que adquiririam ilegalmente a área serão convidados a entrar no movimento e participar de futuras ocupações.
Souza, o ex-patrão de Rodrigues, disse que não aceita entregar a área e que vai tentar reaver a propriedade sem violência. ''Mas vou até as últimas consequências se for preciso'', avisou. Nesta terça, ele foi buscar 17 vacas que mantinha no lote. Os sem-terra liberaram a retirada. A Polícia Militar intermediou a negociação.
Souza admitiu que tem outras propriedades e que se associou com uma sobrinha - Simone Aparecida Bonacin - para adquirir o lote de um assentado. ''Assumi as dívidas e dei mais uma quireras para ele ir embora'', conta, sem precisar o valor que pagou pelo lote, há um ano. ''Todo mundo fez assim. Minha sobrinha não tem mais nada'', ressaltou.
Olevantir Alves de Oliveira, coordenador de um dos grupos do assentamento, considerou justa a ocupação. ''O negócio estava bagunçado. A terra da reforma agrária não pode ser vendida'', disse. Para parte dos moradores, porém, o clima é de tensão. ''Estamos com medo. Não sabemos o que vai acontecer'', disse M., que adquiriu um lote há dois anos.