O número de passageiros diminuiu, mas os ônibus continuam lotados, a quilometragem rodada está cada vez maior e a tarifa, mais cara. A avaliação é do Dieese e de entidades que atuam no setor, como o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus de Curitiba (Sindimoc), e foram discutidas na quartra-feira (20), na primeira audiência pública sobre mobilidade urbana na capital.
O evento, promovido pelo vereador Jorge Bernardi (PDT) e pelo Fórum Social de Mobilidade Urbana, contou com a participação do presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Roberto Gregório, que anunciou que estão adiantados os contatos para realização de uma auditoria independente na Urbs, no Fundo de Urbanização de Curitiba - que concentra os recursos do transporte coletivo - e nos contratos com os consórcios operadores, contratados em 2010.
O supervisor técnico do Dieese, Sandro Silva, mostrou uma queda no número de usuários do transporte coletivo. Segundo ele, em 1996, a média mensal do número de passageiros era de 27,9 milhões e hoje são 25 milhões, com um aumento da frota de 53%. "Houve a ampliação do transporte, a cidade cresceu, e o número de passageiros pagantes caiu. Isto é uma questão que deve ser discutida", pontuou.
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Ao mesmo tempo, segundo ele, a quilometragem rodada pelos ônibus aumentou mais de 50% em relação àquele período. Ele lembrou também a necessidade de se reestudar as isenções. "Hoje quem paga pelas isenções é o usuário comum e elas representam 14% dos custos do transporte coletivo", informou.
Silva questionou também o aumento da tarifa acima da inflação. Segundo dados do Dieese, desde julho de 1994 até 2013, a taxa da inflação acumulada foi de 338,68% e a majoração das passagens foi de 612,5%, um aumento de 62,42% acima da inflação do período.
Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, relatou que os coletivos estão cada vez mais lotados. "Tivemos o aumento do tamanho dos ônibus e quanto maior, mais lotado ele anda".
Ele questionou o valor pago pelos veículos. "Temos um carro híbrido, que custa R$ 625 mil e transporta o mesmo número do que custa R$ 331 mil. Ou seja, tem a mesma capacidade, custa o dobro e é o passageiro quem paga esta conta".
Teixeira questionou também as condições de trabalho dos cobradores que atuam nas estações tubo. "Temos uma estação tubo que com chuva eles se molham, com vento eles passam frio. É um local desumano de trabalho. Espero que neste novo debate possamos resolver este problema", disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Paraná (Sindiurbano), Valdir Aparecido Mestriner, questionou a colocação dos híbridos, movidos a eletricidade e a biodiesel, em áreas nobres da cidade. "O Hibridus está sendo financiado pelos miseráveis, para benefício da classe média".
Integração - Para Gregório, a meta de melhorar a mobilidade urbana em Curitiba é também da região metropolitana. Ele defendeu a necessidade de manter a tarifa única na Rede Integrada de Transporte Urbano (RIT). "Entendemos que este desafio ultrapassa as fronteiras do município de Curitiba, nosso desafio é metropolitano.
As soluções devem ser conjuntas e socialmente construídas. São desafios porque vão implicar em mais trabalho, dedicação e debate. O prefeito Gustavo Fruet determinou o diálogo, a maior transparência possível e rigor no gasto público".
Luizão Goulart, prefeito de Pinhais e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba, também questionou as isenções, que de acordo com ele oneram o valor para os pagantes. "O Correio deve bancar a gratuidade aos carteiros. Para os policiais, o governo tem que pagar a gratuidade. Começamos ver que não é possível que todos os usuários arquem com estas situações".
Urbs - A respeito da auditoria que será feita na Urbs, Gregório disse que o processo vai contar com a participação das universidades Federal do Paraná (UFPR) e Católica (PUCPR) e que buscará também o apoio de especialistas da Universidade Positivo.
A próxima audiência pública sobre mobilidade urbana deverá acontecer no dia 3 de abril, às 14 horas, novamente na Câmara Municipal.