Um trem que transportava cimento descarrilou ontem em Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba. Por pouco o acidente não provocou uma tragédia. Um dos vagões tombou e só parou a poucos metros de uma residência. O descarrilamento aconteceu na zona urbana de Almirante Tamandaré, na altura do bairro Jardim Monte Santo. As casas ficam numa área abaixo do nível dos trilhos.
De acordo com a assessoria de imprensa da América Latina Logística (ALL) -empresa que administra a estrada de ferro-, apenas um vagão tombou. A composição, que saiu de Curitiba com destino a Rio Branco do Sul, tinha três locomotivas e 13 vagões. Pelo menos uns 300 metros de trilhos ficaram destruídos ou danificados.
A carga não vazou, ninguém ficou ferido e não houve prejuízo ao meio ambiente. O impacto maior foi o susto dos moradores. O projetista Luiz Fernando Brotto, 48 anos, quase teve sua casa atingida. Ele denunciou a falta de manutenção da ferrovia. Segundo Brotto, é comum encontrar dormentes podres e trilhos praticamente soltos.
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O vagão que tombou ficou a uns 2 metros do muro da casa de Brotto, que mora no local com a mulher e dois filhos. Ele contou que começou a ouvir um barulho estranho nos trilhos e quando saiu na frente da casa viu o vagão tombando em sua direção. Brotto também reclamou dos trens que passam pelo local durante a madrugada.
O pedreiro Angelo da Silva, 68 anos, teme que um novo acidente possa provocar mortes na região. Junto com outras sete pessoas da família, Silva mora há três meses próximo ao local do acidente. Disse, que se a locomotiva tivesse tombado na altura da sua casa, com certeza teria acontecido uma tragédia. Silva também falou dos dormentes podres e da falta de manutenção da linha.
Esse é o primeiro acidente depois que a ALL começou a praticar o reajuste na velocidade média de suas locomotivas. No mês passado a Folha publicou reportagem revelando que desde o início do ano a empresa vem aumentando entre 20% e 25% a velocidade dos trens na malha ferroviária sob sua administração no Paraná. Em alguns trechos a velocidade praticada passou de 40 para 50 km/hora e de 50 para 60 km/hora.
No final da tarde de ontem a maioria dos vagões já havia sido retirada do local. Funcionários da ALL passaram o dia trabalhando na recuperação dos trilhos. Até o início da noite o trecho ainda não havia sido liberado. As causas do acidente estão sendo apuradas pela empresa. Como não houve feridos e nem dano ao meio ambiente, a Defesa Civil e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) não foram acionados.
O último grande acidente com um trem da América Latina foi em 23 de setembro do ano passado, quando uma composição descarrilou na Serra do Mar. Na ocasião o descarrilamento causou vazamento de 4 mil litros de óleo diesel que atingiu os rios da região.
A assessoria da ALL ficou de divulgar uma nota sobre o acidente de ontem, mas até o fechamento desta edição a empresa não havia feito nenhum pronunciamento oficial.