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Assista ao vídeo

Após ser agredido por policiais, professor afirma estar com medo de represálias

Samara Rosenberger e Guilherme Batista - Redação Bonde
13 nov 2015 às 13:42

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- Reprodução
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Luan Alan Batista, 23 anos, agredido por policiais militares no último dia 1º de novembro, afirma estar com medo de represálias após divulgar um vídeo cujas imagens mostram a abordagem truculenta da Polícia Militar (PM) em um terreno de Joaquim Távora, no Norte do Paraná. A mídia foi postada no Facebook nesta semana e a Polícia Civil já abriu inquérito para apurar abuso de autoridade e crime de tortura por parte de três militares.


"Sinto insegurança. Não sei o que pode me acontecer. Demorei para postar o vídeo nas redes sociais porque a gente fica com um pouco de medo de mexer com a Polícia. Depois de pensar, resolvi expor porque pensei da seguinte forma: e se fosse um aluno meu?", questiona o professor de Educação Física que atualmente trabalha como voluntário em uma escola da rede estadual do município. "Não só eu, mas muita gente foi desrespeitada e agredida naquele dia. Nas imagens pode-se ver que um policial apontou a arma para todo mundo e usou spray de pimenta. Não somos bandidos para sermos tratados dessa forma", completa.

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Luan participava de um evento tradicional da cidade, a conhecida Cavalgada, no dia do episódio. Depois da festa, ele e um grupo de colegas se concentraram em frente à casa de uma amiga. Foi quando ocorreu a abordagem de uma equipe da Ronda Tático Motorizada (Rotam). "Até onde fiquei sabendo, não houve reclamação por parte da população. Mesmo assim, mandaram colocar a mão na cabeça, mas estávamos em um terreno de propriedade particular, onde uma casa está sendo construída. Eu argumentei ao policial que aquele era um espaço privado e pedi que ele me mostrasse o mandado. Então, ele me deu um soco no rosto, me imobilizou e colocou a minha cara no chão, me algemando em seguida", detalha.

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O professor ainda alega que a agressão se estendeu à delegacia. "Eles me levaram para confeccionar o boletim e me colocaram numa área de serviço, não na área comum para atendimento. Três policiais chegaram e um deles me pegou pela gola da camiseta e falou: 'Tá aqui o seu mandado agora', e começou a me agredir. Eles só pararam de me bater porque um policial civil chegou e disse que eles não podiam fazer aquilo", conta em entrevista à reportagem do Portal Bonde.

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Luan Alan Batista foi autuado por desacato e resistência. Ferido, ele realizou o exame de corpo de delito, que já foi anexado ao inquérito policial. "Meu nariz ficou um pouco dolorido, mas o maior prejuízo é o psicológico. Com que tranquilidade eu posso viver a partir de agora? Eu tinha que mostrar isso para todo mundo, pois não fizemos nada de errado", justifica.


Inquérito

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Os três policiais militares que aparecem no vídeo foram afastados dos cargos. A PM abriu uma sindicância para apurar a situação, e o trio deve responder a um procedimento administrativo disciplinar. O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil. "Foi aberto um inquérito policial para apurar crimes de abuso de autoridades e de tortura", contou o delegado de Joaquim Távora, Rubens José Perez, em entrevista ao Bonde nesta sexta-feira (13).


De acordo com ele, as investigações ganharam corpo só nesta semana, quando o professor agredido procurou a delegacia e entregou o vídeo em que aparece levando um soco no rosto dos policiais. "Vamos coletar mais provas, ouvir todos os envolvidos e apurar a responsabilidade de cada um deles no caso", garantiu.

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O delegado confirmou, ainda, que Batista e o colega foram detidos pelos policiais no dia da suposta agressão. "Eles vieram trazidos para cá (delegacia) e foram autuados por desacato e resistência à prisão. Como também alegaram que haviam sido agredidos pela polícia, foram encaminhados para o laudo médico", contou.


Perez revelou, ainda, que um terceiro jovem procurou a delegacia nos últimos dias para denunciar o suposto excesso cometido pelos policiais. "Todos disseram que houve abuso por parte da PM", completou.


O delegado explicou que o fato de os policiais responderem pelos atos deles não impede a Polícia Civil de também investigar os jovens por conta do desacato e da resistência alegados pelos PMs. "As duas situações podem ter sido registradas durante a abordagem", observou.

A Delegacia de Joaquim Távora pretende concluir o inquérito até o final deste mês.


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