Dez bandidos armados com fuzis invadiram ontem o Hotel Intercontinental, em São Conrado, pelo qual circulavam 1.500 pessoas, e fizeram 35 reféns na cozinha. Um condomínio também chegou a ser invadido. O bando fugia após um confronto com a polícia. No tiroteio morreu Adriana Duarte de Oliveira dos Santos, de 41 anos, que, segundo os policiais, fazia parte do grupo de criminosos. Quatro policiais ficaram feridos.
O tiroteio entre PMs e traficantes do grupo Amigos dos Amigos (ADA) levou pânico a um dos bairros mais valorizados da zona sul. O coronel Henrique Lima Castro, chefe da assessoria de Imprensa da Polícia Militar, disse que, juntamente com os presos, foram apreendidos cinco pistolas, oito fuzis, granadas e farta munição. Entre os 35 reféns havia hóspedes e funcionários.
O confronto começou às 8 horas. Segundo a polícia, um bando de traficantes da Rocinha, que fica no bairro, voltava para a favela, depois de ter passado a noite no Vidigal, morro próximo, dominado pela mesma facção criminosa. Na Avenida Niemeyer, que liga Leblon a São Conrado, o grupo encontrou policiais do 23.º Batalhão de Polícia Militar (Leblon). Começou então o tiroteio, que durou 40 minutos.
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Na fuga, os bandidos invadiram o cinco-estrelas na frente da praia, que tinha ontem 800 hóspedes (40% de estrangeiros). Foram quase duas horas de negociação com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A mãe de um dos bandidos, morador da Rocinha, chegou a ser chamada para convencer o filho a se entregar. "Eu pedi, mas não quis me ouvir", disse, chorando, a mulher, identificada como Dinalva. Minutos depois, o grupo se entregou. Dos dez, nove têm antecedentes criminais.
Pânico
O relato dos moradores expõe um cenário de terror. Motoristas que estavam dentro do Túnel Zuzu Angel, que liga São Conrado à Gávea, chegaram a voltar de marcha a ré. O trânsito foi fechado por mais de uma hora. Bandidos ainda invadiram um condomínio de classe alta, tentando fugir da polícia; outros entravam em ônibus. No tiroteio, moradores se jogavam no chão para tentar se proteger e lojas foram atingidas.
O professor Felipe Gomes, que passava de carro na rua ao lado do hotel, foi parado por um grupo de bandidos armados. "Eles abandonaram a van e entraram no meu carro. Eram cinco. Alguns estavam machucados." Aos gritos, mandaram Gomes seguir na direção do Intercontinental. "Uma cancela impedia a entrada do carro, mas eles me mandaram ir em frente assim mesmo. Depois que eu passei, entraram correndo no hotel." Além dos hóspedes, o Intercontinental abrigava um congresso de odontologia e cerca de 1.500 pessoas estavam no local.
Uma moradora da avenida viu homens invadindo um condomínio com armas. O porteiro ligou e avisou que havia gente na portaria e pediu para ela não sair de casa. "Estava dormindo, quando escutei barulho de tiros. Fui até a janela e vi muitos homens armados, correndo. Alguns passaram para dentro do meu condomínio. As pessoas gritavam e pediam para ficarem abaixadas", contou. O sofisticado Shopping Fashion Mall não abriu.
O cientista político Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e morador de São Conrado, resumiu a situação, no Twitter: "Estou no Afeganistão? Não, sou repórter de guerra na zona sul do Rio de Janeiro."
À tarde, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ressaltou que a ação não modificaria a política de Polícia Pacificadora. Mas evitou falar sobre a instalação de UPP no Vidigal. Já o governador Sérgio Cabral elogiou a ação do Bope e indicou a criação da base policial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.