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Combate

Coordenador do Gaeco diz ser preciso enfraquecer e tirar o dinheiro do crime organizado

Jéssica Sabbadini - Especial para o Grupo Folha
11 fev 2024 às 17:34
- Foto: FABIO ALCOVER
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Em um ciclo que não parece ter fim, onde entrar é mais fácil do que sair, as organizações criminosas são uma das impulsionadoras da violência crescente nos dias de hoje. Para o promotor Leonir Batisti, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o trabalho do crime organizado é pautado na obtenção de lucro, seja através de roubos e assaltos ou por meio do comércio de drogas e armas de fogo. Com uma atividade econômica, é necessário tratar a raiz do problema na busca por um fim da “guerra”.

Na última quarta-feira (7), o assunto das organizações criminosas ganhou destaque por conta de um confronto entre policiais e supostos criminosos, que terminou com seis pessoas mortas no Jardim Felicidade, zona norte de Londrina. De acordo com a denúncia recebida pela corporação, as pessoas envolvidas fariam parte de uma organização criminosa que estava, no momento, no chamado “tribunal do crime”.

Batisti pontua que a violência está crescendo à medida em que a sociedade fica mais enervada e rápida, em que é comum as pessoas brigarem por desavenças no trânsito ou nos locais de trabalho. Entretanto, para ele, o principal fenômeno impulsionador da violência é o crime organizado. “Existem pessoas que resolveram pautar a sua vida não buscando trabalho e não buscando viver licitamente. Eles querem viver de assaltos a carros fortes, de assaltos a caixas automáticos ou a casas de pessoas”, explica.

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Outro fator que contribui para o cenário é o fato de que as figuras paternas e maternas, em muitos casos, não estão presentes na vida dos jovens, que acabam entrando na “vida do crime”. “Nós estamos diante desses problemas sociais que não são justificáveis ou aceitáveis, mas é a realidade crua na nossa cara”, afirma.

Leonir Batisti reforça que o tráfico, tanto de drogas quanto de armas, é um crime econômico, já que é um comércio em que as pessoas querem obter vantagem e lucro. “Então o fenômeno do crime organizado é isso. Eles começam a arregimentar pessoas, normalmente na prisão”, explica, complementando que cada pessoa dentro dessa organização passa a ter uma função definida.

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Já o chamado “tribunal do crime”, de acordo com o promotor, é o que avalia as condutas aceitáveis ou não dentro da organização, como no caso traições entre membros ou de desertores que vão para outras facções. Dessa forma, a polícia, por outro lado, tem acesso a determinadas informações que motivam as ações.

“Só pelo fato de pertencerem a essas facções, eles já estão em flagrante de crime, que é o de organização criminosa. Então a abordagem da polícia é nesse sentido, de tirar de circulação essas pessoas porque eles vão cometer outros crimes”, explica. “Eu chamo bastante atenção [para o fato de] que não é porque três faccionados estão reunidos que a polícia está legitimada a chegar lá e matar o pessoal, não tem isso. No entanto, a polícia tem o direito de abordar e, se houver uma reação a essa abordagem, ela vai se defender”, reforça.

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Segundo o promotor, para barrar o crime organizado é necessário fazer com que ele não cresça e não consiga arregimentar novos integrantes, tanto dentro quanto fora das cadeias. Ele pontua que quando um jovem inicia com pequenos trabalhos para o tráfico, cedo ou tarde ele vai passar a integrar a facção.

Além disso, frear as organizações criminosas também envolve a valorização do trabalho, assim como oferecer autoestima e dignidade às pessoas. “Para efeito repressivo, acredito que seja tirar o poder, descapitalizar, ou seja, ao saber que alguém é faccionado, eu reduzo a possibilidade de ele cometer crimes com benefício financeiro”, explica, complementando que o sequestro de bens é uma forma de descapitalizar as organizações criminosas e, assim, enfraquecer o sistema.

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