O júri popular do homicídio de Marcelo Arruda foi suspenso nesta quinta-feira (4), em Foz do Iguaçu (Oeste), após os advogados de defesa do réu Jorge Guaranho abandonarem o plenário. Depois de terem negados pedidos como liberdade provisória, eles se retiraram da sessão. O juiz Juiz Hugo Michelini Junior remarcou o julgamento para 2 de maio.
Arruda foi assassinado na própria festa de aniversário, em 2022. A vítima comemorava 50 anos com a família e amigos, quando teve a festa invadida pelo réu, Jorge Guaranho, e foi morto a tiros no local da confraternização.
O advogado da assistência de acusação, Daniel Godoy Junior, afirma que a defesa usou de uma estratégia para adiar o julgamento e tentar a liberdade provisória do réu. “Fizeram uma ‘petição entrevero’, juntando uma série de situações. O juiz indeferiu e eles informaram que iam se retirar. Mas, a defesa cometeu o ato falho de, após juntar uma série de pedidos, pedir a liberdade provisória. Então, na verdade, eles não queriam julgar o processo. O objetivo era claramente a liberdade provisória do réu”, analisa.
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Entre as alegações da defesa, não deferidas pelo juiz, estão cerceamento de defesa, testemunha não encontrada, má-fé — inclusive por parte de servidores do Judiciário — e que a parte da agressão ao assassino foi juntada de forma tardia ao processo.
“Estamos convictos que a estratégia da defesa, apesar de adiar o julgamento, não vai evitar uma condenação exemplar. Os elementos trazidos pela acusação, entre eles o laudo da leitura labial, são muito fortes”, afirmou a advogada da assistência de acusação, Andrea Jamur Pacheco Godoy.
O laudo pericial realizado a partir de câmeras de segurança instaladas no local onde o ex-policial penal, Jorge Guaranho, assassinou o guarda municipal, Marcelo Arruda, evidenciam a motivação política do crime. A leitura labial revela as falas do réu nos momentos que antecederam os disparos: “Aqui é Bolsonaro, Bolsonaro, porra! Petralha!”, e “Petistas vão morrer! Pra baixo, pra baixo, pra baixo”.
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Em nota, a defesa de Jorge Guaranho, representada pelo advogado Samir Mattar Assad, lamentou a suspensão do julgamento afirmando que a decisão de abandonar o júri foi “uma medida extrema, tomada em defesa do jogo limpo e da garantia do amplo direito de defesa”.
Entre outros pontos, a defesa ressaltou que o acusado, que estava preso no Complexo Médico Penal, em Curitiba, foi intimado oficialmente pelo juiz com apenas um dia de antecedência a comparecer em Foz do Iguaçu para o julgamento.
“Essa notificação não permitiu tempo hábil para que a defesa pudesse acompanhar sua chegada na cidade. Destacamos que a distância entre as duas cidades é considerável e que Guaranho sofre de problemas de saúde em decorrência das agressões sofridas durante o incidente de julho de 2022”.
Guaranho está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.