Uma semana após o desaparecimento do jornalista Anderson Leandro, de 38 anos, as investigações ainda não avançaram. De acordo com o delegado Sivanei de Almeida Gomes, do grupo Tigre, equipe de elite da Polícia Civil do Paraná que assumiu o caso nesta terça-feira, os policiais "estão começando do zero".
"Se os próprios familiares que estão ali no convívio, conhecem o histórico dele, não indicaram, não apontaram nenhuma causa provável para o desaparecimento...; ele não tem nenhuma desavença, nenhum problema, inimizade, não estava sendo ameaçado; então, é uma situação que estamos começando praticamente do zero", disse.
Leandro desapareceu na quarta-feira (10), após sair da produtora Quem TV, onde trabalha como produtor. Ele seguiria para Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, a trabalho. Leandro deixou a produtora em seu carro, um Kangoo branco, placas AON-8615. Depois disso, não deu mais notícias. Segundo a polícia, o celular dele não tem registros de ligações e o carro não foi visto registrado por nenhuma câmera.
Leia mais:
Novos deslizamentos interditam completamente a BR-277 na Serra da Esperança, em Guarapuava
Pai é preso por agredir filha de nove meses no Noroeste do Paraná
Operação 'Little Mouse', da PF, mira empresas de rastreamento veicular em Londrina
‘Gerente’ do tráfico na zona norte de Londrina é preso em flagrante
A irmã de Anderson, Alaerte Leandro Martins, disse que os parentes, que moram em Mato Grosso e em Minas Gerais, se reuniram em Curitiba para auxiliar na busca. "Nós vasculhamos toda a vida dele, nós, os irmãos, não achamos dívida nenhuma, também ninguém pediu pagamento de nada, sequestro muito menos porque ele não era rico", disse. Alaerte afirmou que o desaparecimento pode estar relacionado com o trabalho que ele realizava, ligado aos movimentos populares.
Na opinião de Agenor Batista Silva, irmão da vítima, há certa "frustração" com o trabalho policial. "As informações repassadas são informações que a família tinha, que apuramos. Nós que corremos atrás para que passasse da Delegacia de Vigilância e Captura para o Tigre. Nossa preocupação é a seguinte: onde ele estiver, não está confortável e, cada dia que passa, tem menos possibilidade de chegar vivo", reclamou.
Já o professor de Jornalismo Valdir Cruz passou a ser ameaçado ao acompanhar o caso e postar mensagens em sua página do Facebook. "Alguém ligou de um telefone sem identificação e que não deixou rastro e perguntou se eu queria se o próximo a desaparecer", disse. Ele acredita que há mais coisas envolvendo o sumiço do jornalista.
Leandro chegou a ser atingido por uma bala de borracha em 2008 quando fazia filmagens de uma desocupação na Cidade Industrial, bairro da periferia de Curitiba. As imagens da violência policial custaram o cargo de oficiais que comandavam a operação. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor) emitiram notas pedindo agilidade e rigor nas buscas pelo jornalista desaparecido.