O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que "pedaços" do PMDB, aliados à oposição, querem "tomar de assalto a Presidência da República". Para o petista, o Palácio do Planalto vai conseguir os votos para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, mas será necessário um rearranjo de forças capaz de dar sustentação ao governo.
"Não adianta vencer o impeachment sem garantir governabilidade", disse o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. "Estamos construindo uma base para governar e estabilizar o País", afirmou.
Seis dias após a reunião em que o partido do vice-presidente Michel Temer anunciou a saída da base aliada, porém, a reforma ministerial continua empacada. O impasse ocorre porque ministros do PMDB não querem deixar o governo - até agora, apenas um entregou o cargo.
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Na linha de frente das negociações para redistribuição dos cargos, Berzoini se reuniu neste domingo, dia 3, com Dilma e com o chefe do Gabinete Pessoal, Jaques Wagner. A expectativa é que a nova configuração da Esplanada seja anunciada nesta semana.
Para não ser deposta, a presidente precisa do apoio de no mínimo 171 deputados. "Se fosse em outra época, eu diria que tem um a mais que o necessário, mas nós vamos ter muito mais do que isso", afirmou Berzoini.
O ministro disse que o desembarque do PMDB não agravou a crise política. "Não acho que agravou, até porque não houve a saída. Houve apenas a decisão da direção partidária, tomada em três minutos, sem discussão. Acho que foi o retrato de um grupo que quer se utilizar da estrutura do partido para influenciar o processo político", afirmou.
"Do ponto de vista do governo, não mudou nada na relação com parlamentares do PMDB e com ministros do partido", garantiu.
Berzoini falou sobre o processo de impedimento de Dilma. "Eu vejo que tem gente encarando esse impeachment, que começou torto, como uma tentativa de eleição indireta. Não está se discutindo se houve crime de responsabilidade. O que está se discutindo é a tentativa de tomar de assalto a Presidência da República sem que haja voto popular", disse.
"Tentar transformar um impeachment distorcido em eleição indireta é um grave risco à democracia, é aquilo que a gente chama de golpe, porque travado a partir de um processo totalmente viciado, conduzido por uma pessoa (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha) que tem contas na Suíça e é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal".
Questionado sobre a relação da presidente Dilma com Michel Temer, Berzoini disse que a "postura das pessoas ligadas ao vice-presidente e a dele próprio motivaram um distanciamento completo. Não há hoje diálogo entre a presidente e o seu vice".
Perguntado se teria sido um erro nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, o ministro disse que "Lula não é crise, é solução. Ele tem grande capacidade de articulação e um respeito imenso no mundo político".
Berzoini também afirmou que o Planalto não está preocupado com a nova fase da Operação Lava Jato, que ressuscita o escândalo do mensalão e o caso Celso Daniel. "Não há por que ficar preocupado. Isso está se tornando uma rotina e demonstra, mais uma vez, que o objeto da investigação não é combater a corrupção, mas, sim, criar fatos políticos para atacar o PT.
O ministro finalizou a entrevista dizendo que Dilma e seus aliados estão firmes no combate ao impeachment. "Ao contrário do que muitos pensam, pessoas de vários partidos têm procurado o governo para discutir o futuro e conversar sobre como superar este momento. Ninguém vem se lamentar. Aqui está todo mundo pronto para a luta. Não tem ninguém desanimado aqui, não". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.