Quatro pessoas investigadas pela Polícia Federal (PF) durante a chamada Operação Ferrari, que desarticulou uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro, baseada em Londrina, seguiam foragidas até o início da tarde desta terça-feira (16).
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Elvis Secco, dois dos suspeitos são de Mundo Novo (MS), cidade que fica próxima à fronteira com o Paraguai, um de Salvador (BA) e um de Indaiatuba (SP). Nenhum deles, porém, teria papel de destaque no esquema.
"Os dois primeiros, do núcleo fornecedor de drogas, eu acredito que não estejam mais em solo nacional. O da Bahia, do núcleo comprador, também tem fácil mobilidade e obtenção de documentos falsos. Apesar dos esforços da PF, vai ser difícil capturá-los", afirmou. O quarto acusado, natural do município paulista, fazia parte do núcleo de logística, responsável pelo transporte do dinheiro e das substâncias. "Não vamos cessar as diligências, mas esses quatro não prejudicam em nada a operação", completou Secco. Os nomes dos integrantes da quadrilha não foram divulgados.
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Por outro lado, o delegado disse que os coordenadores das organizações criminosas já estão inseridos no sistema carcerário. Dos 16 homens cujos mandados de prisão foram expedidos ontem, pela 4ª Vara de Lavagem de Dinheiro de Curitiba, 11 foram transferidos de avião para a capital paranaense. Os outros cinco foram levados para Campinas (dois), em São Paulo, Bahia e Sergipe. Além dos 20 mandados de prisão preventiva, foram expedidos 22 de busca e apreensão e sete de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
Tenente-coronel de férias
O tenente-coronel Mauro Rolim de Moura, chefe do Estado-Maior do 2º Comando Regional, responsável por cinco batalhões e três companhias independentes na Região Norte, foi indiciado por corrupção passiva, após comparecer à delegacia da PF em Londrina. O coordenador disse que ele não tem envolvimento direto com o narcotráfico, mas que mantinha uma "relação estreita" com um dos chefes da organização criminosa.
Em nota, a PM do Paraná informou que Rolim de Moura oficiou o comando-geral, "pedindo uma apuração rigorosa sobre os fatos e seu afastamento das funções", o que já teria ocorrido. A corporação também contou que determinou a abertura de uma sindicância para apuração do caso. A reportagem tentou contato com o tenente-coronel, entretanto, ele não foi encontrado. No 2º Comando, a informação repassada foi a de que o oficial saiu de férias na segunda-feira (15), não sendo possível contatá-lo.
A 'Ferrari' resultou ainda na apreensão de 100 veículos de luxo, dinheiro em espécie, joias e outros itens que faziam parte do patrimônio dos integrantes do grupo, avaliado em R$ 40 milhões. As investigações foram conduzidas nos últimos 14 meses e envolveram mais de 100 policiais. De acordo com Secco, o esquema era coordenado por dois empresários de fachada que moravam em um condomínio de luxo na zona sul de Londrina. A pasta base de cocaína era adquirida no Paraguai em pequenas porções, para não despertar a atenção dos agentes de fiscalização. Depois, era repassada semanalmente ou a cada 15 dias para a quadrilha.