Um vídeo que circula no site de relacionamentos Facebook mostra o treinamento de policiais militares na Academia do Guatupê, na Região Metropolitana de Curitiba. Nas imagens, os policiais militares fardados – creditados como membros da Rotam (Ronda Tático Motorizada) - correm enquanto entoam uma música com uma letra recheada de violência.
A postagem é datada do dia 25 de março e, até a tarde desta terça-feira (16), o vídeo tinha mais de 216 mil visualizações. Os comentários variam entre defesa da corporação e condenação em relação à violência, mas a página que a publicou também tem relatos de usuários sobre abusos supostamente cometidos por militares.
Veja o vídeo e a letra abaixo:
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Eu miro na cabeça, atiro sem errar
Se munição eu já não tiver, pancadaria vai rolar
Bate na cara, espanca até matar
Arranca a cabeça e explode ela no ar
Arranca a pele e esmaga os seus ossos
Joga ele na vala e reza um Pai Nosso
Oô, oô
Aá, aá
Muito tempo se passou nessa guerra desleal
Homens de valor morreram"
A música é mais uma "canção de TFM", ou treinamento físico militar. Tradicionais em corporações militares, as letras exaltam a ordem, a disciplina e a guerra.
Para a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Londrina, Fabíola Larissa Mattozo, as atitudes como as demonstradas no vídeo incitam a violência na instituição. "A sociedade não precisa de uma polícia violenta, a sociedade precisa de uma polícia humanizada, preparada, com salários dignos e respeitada", afirma.
Ela ainda avalia que os agentes da Polícia Militar não são respeitados, mas temidos. "Claro que não estou generalizando o quadro da Polícia Militar, pois é sabido que a corporação tem bons e excelentes policiais, mas o treinamento dado aos policiais precisa ser modificado, afinal a violência dentro das instituições policiais (inclusive os abusos físicos ou morais) colabora para que os agentes da lei reproduzam esses abusos contra setores menos favorecidos da sociedade", conclui.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Paraná informou que as TFM são utilizadas pelas forças de segurança pública em todo o mundo e que não há orientação proibitiva por parte da PM. "No entanto, a PM destaca que estas canções não determinam a formação e nem a conduta de atuação dos policiais militares nas ruas diariamente", continua a nota.
A manifestação conclui que a Polícia militar se pauta pela "atuação de policiamento comunitário, em consonância com os Direitos Humanos e de absoluto respeito à dignidade da pessoa humana".
(Atualizado às 16:55)