O Governo do Paraná anunciou, nesta terça-feira (8), que profissionais de educação que tiverem um bom desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) irão receber um bônus de R$ 3 mil. Conforme aponta o secretário estadual da Educação, Roni Miranda, o objetivo da ação é incentivar educadores e outros profissionais a manterem o Paraná no topo da educação nacional.
O bônus será destinado a todos os servidores das escolas que atingirem ou ultrapassarem a meta do Ideb estipulada pela Seed (Secretaria da Educação), o que inclui diretores, professores, pedagogos, merendeiras e profissionais administrativos.
O valor, contudo, deve ser pago a partir do ano que vem, quando o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do MEC (Ministério da Educação), divulgar o novo resultado da avaliação. Em 2022, o Paraná conquistou a liderança no ranking nacional no Ensino Médio.
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A Seed estipula um orçamento de R$ 140 milhões para o pagamento do bônus. A rede estadual do Paraná conta com 2.104 escolas, com mais de 920 mil estudantes matriculados. São 92.450 servidores na Secretaria da Educação, entre efetivos, cargos em comissão sem vínculo e temporários.
"MUITAS INSTITUIÇÕES TÊM DIFICULDADES PARA ATINGIR UM BOM DESEMPENHO"
Mônica Trindade Miranda, que é pedagoga, especialista em gestão escolar e mestranda em educação pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que o Ideb é um importante instrumento avaliativo da educação básica que mede a qualidade do ensino das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática em escolas públicas de todo o Brasil.
"O Ideb é calculado com base nos dados de aprovação escolar obtidos por meio de provas anuais. Hoje, temos a Prova Brasil, que é aplicada nas escolas municipais, e o Saeb, que é o Sistema de Avaliação da Educação Básica e aplicado em escolas estaduais. O objetivo do Ideb é chegar ao resultado seis, para se equiparar ao índice dos países desenvolvidos", explica.
Para a especialista, a iniciativa do Governo do Paraná de destinar bônus aos profissionais tem prós e contras. "A medida não deixa de ser um incentivo para as escolas e para os profissionais se dedicarem e criarem estratégias para alcançar um bom resultado no Ideb, mas também entendo que muitas instituições têm dificuldades para atingir um bom desempenho frente à comunidade atendida e às dificuldades que apresenta."
Miranda aponta que instituições voltadas para a educação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social podem enfrentar problemas que comprometam os resultados do Ideb, como a dificuldade de acesso às aulas e a evasão escolar.
Apesar disso, a especialista crê que a medida possa ser positiva para que a Secretaria Estadual de Educação direcione sua atenção às escolas que não alcançam bons números.
"Essa é uma boa oportunidade para compreender a realidade dessas instituições, por que os resultados não são alcançados e como essa situação pode ser revertida. Muitas vezes o olhar fica direcionado somente às escolas que atingem bons números e as escolas que não atingem são simplesmente deixadas à margem e vistas como escolas que não se desenvolvem. Tudo isso interfere de forma negativa no contexto dessas instituições", defende.
AÇÕES CONCRETAS
Os números do Ideb variam de zero a 10 e dependem de uma série de fatores. Para a pedagoga Miranda, as escolas devem focar em ações específicas para melhorar a qualidade da educação e, com isso, obter melhores resultados.
"Como professora da educação básica, acho que devemos buscar ativamente soluções para os alunos faltosos, porque isso reflete muito no ensino e no desenvolvimento. Alunos que faltam muito não conseguem dar continuidade aos estudos. Além disso, acredito que as provas devem ser vistas com um outro viés pelos professores. O aluno não pode fazer a prova com medo, porque o medo atrapalha. Também acho que, no cotidiano, precisamos aliar teoria e prática e respaldar nossas decisões em teorias de currículo."
A especialista chama atenção, ainda, para a precarização do trabalho dos professores nas escolas públicas, o que compromete a qualidade do ensino e o desenvolvimento dos alunos.
A reportagem do Portal Bonde entrou em contato com o APP Sindicato para obter um posicionamento oficial da categoria de trabalhadores da educação pública do Paraná a respeito da bonificação anunciada pelo Governo do Paraná, mas não obteve retorno até o momento de publicação da reportagem.
RESULTADOS DO PARANÁ
O governador do Paraná Ratinho Junior (PSD) destacou que, graças ao trabalho dos profissionais de educação e a uma série de iniciativas do Governo do Estado, o Paraná avançou muito no resultado do Ideb. “Passamos do sétimo para o primeiro lugar no Ideb do Ensino Médio e também estamos entre os primeiros no Ensino Fundamental, mas queremos avançar cada vez mais nos próximos anos”, disse.
ESCOLA SOLAR
Além da bonificação para os profissionais da educação, o Governo do Estado anunciou o programa Escola Solar, que vai destinar R$ 6 milhões para a instalação de usinas fotovoltaicas nos colégios estaduais, atendendo 20 unidades nesta primeira etapa.
Dividido em dois lotes, o edital de licitação deve ser publicado no dia 18 de agosto pela Paranaeducação, vinculada à Seed, para selecionar as empresas que vão executar as obras.
O programa de eficiência energética tem o objetivo de equipar as escolas estaduais com energia renovável, adotando a tecnologia de usinas fotovoltaicas para a produção de energia. As primeiras 20 instituições de ensino foram selecionadas de acordo com a incidência solar na região onde estão e também com o nível de consumo de cada uma. As usinas fotovoltaicas terão potência instalada de 75 quilowatts.
Em Londrina, foram escolhidas quatro escolas: o Colégio Estadual Marcelino Champagnat, o Centro de Educação Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi, o Colégio Estadual Profª. Maria José Balzanelo Aguilera e o Colégio Estadual Vista Bela.