O nono dia de competições dos Jogos Paralímpicos teve três medalhas para o Brasil no atletismo, duas na natação e uma no taekwondo, esporte estreante, totalizando uma ótima marca de quatro ouros nesta chuvosa quinta-feira (2) em Tóquio. Agora com 19, o país está perto do recorde de 21 alcançado em Londres-2012.
Nathan Torquato foi o responsável por colocar o Brasil no topo do pódio do taekwondo logo em sua primeira edição paralímpica, na categoria 61 kg classe K44.
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O nadador Talisson Glock conquistou o ouro nos 400 m livre classe S6, seu primeiro título paralímpico e terceira medalha no Japão, e Gabriel Araújo faturou sua segunda medalha dourada, nos 50 m costas S2. Também é o terceiro pódio dele.
Alessandro da Silva conquistou o bicampeonato no lançamento do disco classe F11, após ter levado a prata no arremesso do peso em Tóquio. Marivana Oliveira e Mateus Evangelista faturaram prata e bronze, respectivamente, no arremesso do peso (F35) e salto em distância (T37).
Nos esportes coletivos, as seleções masculinas de futebol de 5 e goalball venceram e foram à final, enquanto a equipe masculina de vôlei sentado e o time feminino de goalball perderam as semis e disputarão o bronze.
O Brasil soma 54 medalhas em Tóquio: 19 ouros, 13 pratas e 22 bronzes, na sexta posição no quadro geral.
Na estreia do taekwondo, Torquato é o 1º brasileiro campeão paralímpico
O brasileiro Nathan César Torquato, 20, garantiu o ouro no taekwondo classe K44 (atletas com amputação unilateral do braço) na categoria até 61 kg.
Na final, que quase não ocorreu, ele derrotou o egípcio Mohamed Elzayat por desistência. O brasileiro acertou um golpe logo no início do combate. Elzayat pediu atendimento médico, e a arbitragem formalizou o fim do confronto.
Torquato havia vencido sua luta da semifinal, contra o italiano Antonino Bossolo, por 37 a 34. Aguardava a disputa da outra semi, entre Elzayat e Daniil Sidorov, do Comitê Paralímpico Russo.
O russo vinha vencendo com tranquilidade por 24 a 8 quando cometeu um golpe ilegal, acertando um chute na cabeça de Elzayat. Sidorov foi desqualificado.
O egípcio saiu de maca do combate e foi encaminhado ao serviço médico para avaliar se ele teria condições de lutar a final. Não houve WO, porque Elzayat apareceu, mas deixou o duelo logo no início.
"Primeira medalha da história do parataekwondo. Estou muito feliz por fazer parte disso e dessa conquista. Foi difícil, senti um pouco na primeira luta, mas cresci ao longo da competição e o resultado foi incrível", comemorou Torquato, que já praticou a modalidade convencional.
Nascido em Praia Grande (SP), o lutador começou no taekwondo aos três anos, quanto viu atletas treinando e pediu à mãe para praticar em uma academia.
Brasil chega a 8 ouros na natação, com 5 atletas diferentes
Aos 19 anos, Gabriel Geraldo Araújo se consolidou como um dos grandes nomes do Brasil nas Paralímpiadas de Tóquio-2020.
Gabrielzinho conquistou a medalha de ouro nos 50 m costas classe S2 (atletas com deficiências físicas severas), com o tempo de 53s96. Quase 4 segundos atrás, o chileno Alberto Abarza foi prata com 57s76.
O mineiro de Santa Luzia, que treina no clube Bom Pastor, de Juiz de Fora, já havia levado o ouro nos 200 m livre e a prata nos 100 m costas.
"As três medalhas têm um espaço especial no meu coração. Fico feliz por também poder mostrar minha alegria. Sempre estou sorrindo e dançando. É uma felicidade poder inspirar as crianças, com deficiência ou sem", comentou.
Foi a 21ª medalha e o oitavo ouro da natação do Brasil em Tóquio, com cinco nadadores diferentes. Além dele, Carol Santiago, com três títulos, Gabriel Bandeira, Wendell Belarmino e Talisson Glock venceram provas no Japão.
Antes, Glock também levou seu ouro nesta quinta, nos 400 m livre classe S6 (atletas com deficiência física). Com o tempo de 4min54s42, ele segurou as investidas do italiano Antonio Fantin (4min55s70), bicampeão mundial nessa prova em 2017 e 2019.
Na quarta (1º), Glock havia levado o bronze nos 100 m livre, prova vencida por Fantin. Ele encerra sua participação em Tóquio com três medalhas, já que também participou do revezamento 4 x 50 m livre (20 pontos). Em 2016, ganhou uma prata no mesmo revezamento e o bronze nos 200 m medley.
Aos 9 anos de idade, o catarinense de Joinville foi atropelado por um trem e perdeu o braço e a perna esquerdos. Passou a treinar natação em 2004, começou a disputar torneios em 2008 e em 2010 foi chamado para integrar a seleção brasileira.
"Não sabia o quanto, mas sabia que eu ia nadar bem. No futuro, acho que posso nadar para o recorde mundial nessa prova. Eu me vejo fazendo isso. É o meu objetivo, com certeza. Estou muito mais maduro e vou sair de Tóquio realizado", afirmou Glock.
Mais um ouro e três medalhas no atletismo
Alessandro Rodrigo da Silva, 37, detentor dos recordes mundial e paralímpico, quebrou a sua própria marca dos Jogos e conquistou a medalha de ouro em Tóquio. Ele foi o melhor no lançamento do disco da classe F11 (atletas cegos), com a marca de 43,16 m.
"Pressão e chuva! Tudo isso deu mais emoção para esta conquista. O Ayrton Senna ganhava na chuva e tem muito brasileiro que trabalha todo dia na chuva. A gente tem que se espelhar nessas pessoas", pontuou o bicampeão paralímpico.
O lançamento de Silva ficou a quase três metros do segundo colocado, o iraniano Mahdi Olad, que conseguiu 40,60 m. O paulista, apelidado de "Gigante" pelo seu 1,90 m de altura, também foi medalhista de prata no arremesso do peso em Tóquio.
Formado em química, ex-professor e alinhador de veículos, Silva começou a perder a visão por conta da toxoplasmose a partir dos 25 anos e ficou totalmente cego em 2013.
Marivana Oliveira, 31, conquistou a medalha de prata no arremesso do peso F35 (paralisados cerebrais). Ela fez a sua melhor marca do ano, arremessando na marca de 9,15 m. A medalha de ouro foi para a ucraniana Mariia Pomazan, que atingiu a marca de 12,24 m. Nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, a atleta natural de Maceió (AL) ficou com a medalha de bronze na mesma prova.
Mateus Evangelista, 27, levou o bronze no salto em distância classe T37 (também para paralisados cerebrais). O atleta terminou em terceiro, com o salto de 6,05 m, sua melhor marca da temporada. A medalha de ouro ficou com o ucraniano Vladyslav Zahrebelnyi, com 6,59 m. De Porto Velho (RO), ele foi medalhista de prata no Rio, também no salto em distância.
Brasil vence e marca embate contra Argentina na final do futebol de 5
Dona da melhor campanha das Paralimpíadas até aqui, a seleção brasileira de futebol de 5 venceu Marrocos por 1 a 0, na semifinal do torneio, e avançou à decisão.
A chuva forte em Tóquio deixou o campo encharcado e a bola escorregadia, dificultando sua condução. O resultado foi um jogo truncado. A seleção brasileira, apesar de ter o domínio da posse de bola, teve dificuldades para criar boas chances e levou sustos.
O Brasil precisou de uma dose de sorte para furar a retranca do Marrocos. Aos 8 minutos da segunda etapa, após boa jogada individual de Jefinho, o capitão Berka acabou desviando contra a própria meta e tirou o zero do placar.
A seleção enfrentará a Argentina, na final, às 5h30 (de Brasília) do sábado (4). Uma reedição da primeira decisão paralímpica do esporte, em 2004.
É o encontro das duas maiores forças do futebol de 5. Nas quatro edições de Paralimpíadas em que o esporte foi disputado, o Brasil conquistou o ouro em todas e busca o penta. Nunca nem perdeu (são 5 empates e 20 vitórias).
Já a Argentina é o segundo país com mais medalhas: uma prata (em Atenas-2004) e dois bronzes (Pequim-2008 e Rio-2016).
Uma disputa pelo ouro e outra pelo bronze no goalball A seleção brasileira masculina de goalball venceu a Lituânia por 9 a 5 e garantiu vaga na decisão da medalha de ouro. A equipe vai em busca de uma inédita medalha dourada para adicionar à coleção que já tem uma prata (2012) e um bronze (2016).
Josemarcio, o Parazinho, foi o grande destaque do ataque brasileiro, com seis gols, quatro deles em penalidades.
A vitória contra os atuais campeões paralímpicos dá confiança para os brasileiros enfrentarem a China nesta sexta (3), às 7h30.
A seleção feminina estava muito perto de uma vaga inédita na disputa pelo ouro, mas acabou derrotada pelos EUA nas semifinais e lutará pela medalha de bronze.
O Brasil abriu 2 a 0 no tempo normal, porém levou o empate faltando 17 segundos para o fim. As americanas triunfaram nas penalidades, por 3 a 2.
As brasileiras ainda buscarão uma medalha inédita no esporte contra o Japão, à 1h15 desta sexta.
Luta também será pelo bronze no vôlei sentado
A seleção brasileira masculina de vôlei sentado perdeu para o Comitê Paralímpico Russo por 3 sets a 1 (25/22, 21/25, 21/19 e 25/19) pela semifinal. Disputará o bronze contra a Bósnia e Herzegovina, às 2h de sábado (4).