Se alguém acha que o principal evento do futebol desta terça-feira ocorrerá no Nou Camp, onde o Arsenal enfrenta o Barcelona, pode estar enganado.
Na república russa da Chechênia, pelo menos, todos os olhos estarão voltados para um grupo de jogadores de futebol brasileiros aposentados, que levarão seu futebol arte à capital chechena, Grozny.
Originalmente, o líder checheno Ramzan Kadyrov queria reunir estrelas da seleção campeã do mundo de 2002, como Ronaldinho, Ronaldo, Kaká e outros heróis da Copa do Mundo do Japão e Coréia do Sul, para jogar contra uma equipe chechena que tem como capitão - fácil adivinhar - o próprio Ramzan Kadyrov, e que contará com o alemão Lothar Mattheus, campeão mundial em 1990.
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Mas no final, Kadyrov conseguiu apenas convencer um grupo de ex-jogadores brasileiros, muitos deles com passagem pela seleção brasileira nas Copas de 1994 e 1998
Boa forma
O líder checheno, que carrega sempre uma arma folheada a ouro, está confiante e acha que está pronto para disputar a partida.
"Perdi cinco quilos nos últimos dias e agora estou em boa forma. Vou dar tudo o que posso no jogo", disse Kadyrov.
Críticos afirmam que o líder checheno administra a república como se fosse seu feudo pessoal, contando com sinal verde de Moscou e levando a cabo uma campanha de violência contra seus opositores.
No começo desta semana, o Parlamento checheno votou com unanimidade para dar um novo mandato de cinco anos a Kadyrov.
Como presidente honorário do time Terek Grozny, da primeira divisão russa, Kadyrov recentemente contratou o técnico holandês Ruud Gullit.
O clube também planeja abrir um novo estádio em maio, e o presidente da Fifa, Sepp Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, foram convidados para participar da inauguração.
O estádio terá o nome do pai de Kadyrov, Akhmad Kadyrov, que foi presidente da república antes do filho. Ele foi morto em um atentado a bomba em um estádio de Grozny, em 2004.
Em fevereiro, outro time do Cáucaso da primeira divisão russa, o Anzhi Makhachkala, anunciou a contratação do lateral esquerdo brasileiro Roberto Carlos. O jogador teria assinado um contrato no valor de R$ 22, 4 milhões. O Anzhi tem base no Daguestão, a mais violenta república da conturbada região do Norte do Cáucaso russo.
Dinheiro
O líder checheno até agora vem se negando a dizer o quanto pagou para os jogadores irem até a república - comumente mais associada à guerra do que ao futebol.
"Não levantamos a questão do pagamento. Amamos futebol. Pedimos aos brasileiros para virem jogar em Grozny e eles concordaram", disse Kadyrov.
No entanto, o ex-jogador e deputado federal Romário revelou a repórteres, antes de viajar para a Chechênia, que não estaria indo para a região se não tivesse uma proposta "financeiramente boa".
Já o jogador Junior Baiano, que também participará da partida, disse que decidiu aceitar a proposta porque a Chechênia prometeu doações para as famílias atingidas pelas enchentes que atingiram a Região Serrana do Rio no começo do ano.
Romário, Cafu, Elber e Denilson já chegaram a Chechênia para a disputa da partida. A imprensa brasileira tem noticiado que, os ex-jogadores Dunga e Bebeto - todos já aposentados dos gramados - também deverão entrar em campo em Grozny.