"É muito triste uma cidade como Londrina não ter uma modalidade de alto rendimento". O sentimento do ex-treinador da equipe masculina de handebol Giancarlos Ramirez reflete o péssimo momento vivido pelo esporte na cidade, que fecha o ano sem conquistas expressivas e sem representatividade em competições de nível nacional.
Para piorar, o handebol, bicampeão brasileiro e campeão pan-americano, foi sepultado e encerrou as atividades por problemas financeiros. "Londrina precisa de uma reestruturação no setor esportivo. A pouca verba que a Fundação de Esportes recebe é repassada para diversas modalidades e sobra muito pouco para o alto rendimento. Além disso, empresas não visam mais patrocinar algumas categorias por problemas que aconteceram no passado. Tem medo de investir e com isso o esporte da cidade está morrendo", lamentou o ex-comandante em entrevista exclusiva ao Bonde.
O handebol masculino de Londrina durou 15 anos. Em agosto deste ano, Ramirez encerrou o projeto no qual foi um dos fundadores pois não possuía dinheiro em caixa para realizar os pagamentos dos jogadores. O comandante procurou recursos e conversou com o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) para pedir apoio, mas acabou encerrando a modalidade.
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O treinador aponta a existência de uma lacuna na política da Fundação de Esportes. Sem equipes nas modalidades de alto rendimento, a FEL trabalha com categorias de base e não tem onde encaixar os atletas, que migram para outras cidades.
"Quando tínhamos o handebol, vários atletas da base ganharam bolsa de estudo para seguir estudando e praticando esporte na cidade. Sem as categorias principais, os garotos precisarão buscar novos municípios, que terão oportunidade de crescer e ganhar títulos com jogadores de Londrina. O trabalho não dá resultado sem aliar a base com o profissional", garante.
Mas, em meio à falta de resultados das mais diversas modalidades, há um alento. O ressurgimento do futsal feminino, desativado há dois anos. Em parceria com o Londrina Esporte Clube e diversos apoiadores, a agremiação londrinense retornou ao cenário estadual e nacional. No Campeonato Paranaense, as meninas ficaram na terceira colocação, enquanto na Liga Futsal a equipe somou cinco derrotas em cinco jogos.
Na apresentação da equipe, em julho, a treinadora Jayne Borim, salientava que os torcedores precisariam ter paciência com relação aos resultados. "Com a reestruturação da modalidade, acredito que no ano que vem podemos visar títulos", declarou na época.
PERSPECTIVA PARA 2014
A Fundação de Esportes começará o ano de 2014 sob a batuta de Márcio Corrêa, que deixa o cargo de chefe de gabinete do prefeito Alexandre Kireeff, para se dedicar integralmente na autarquia. A pasta iniciou 2013 com Élber Giovane de Souza (ex-jogador do Londrina, do Bayern de Munique e seleção brasileira). Em julho, ele deixou a FEL e deu lugar para Ângelo Deliberador, que ocupou o cargo até até outubro.
Como consequência do contingenciamento de recursos feito em todos os setores da prefeitura, a Fundação destinou apenas R$ 360 mil para o esporte de alto rendimento em Londrina, valor bem abaixo dos R$ 1 milhão do ano anterior.
Para 2014, a previsão orçamentária para o Programa de Incentivo ao Esporte Olímpico é de quase R$ 1,5 milhões. A perspectiva da autarquia é que as demais modalidades não sejam encerradas por falta de dinheiro, como aconteceu nos anos anteriores.
Na temporada 2012/2013 do vôlei masculino, o Instituto Pró Esporte de Londrina – que administra a modalidade – precisou fechar as portas por conta da falta de verba. Com isso, Londrina ficou de fora da Superliga após dois anos de disputa. O mesmo ocorreu com o vôlei feminino, mantido pela Unifil e Colégio Londrinense, que também encerrou o ciclo por falta de apoio.
No futsal masculino, depois de não renovar com o São Paulo Futebol Clube, a equipe de Londrina não conseguiu patrocinadores para continuar disputando a Liga Nacional. Por fim, o basquete masculino está fora do cenário nacional desde 2010, após a Associação Desportiva Londrinense (ADL) ter problemas em suas prestação de contas.