Os 'All Blacks', tradicional equipe de rúgbi da Nova Zelândia, estarão no Brasil entre os 26 a 28 deste mês para um evento de seu patrocinador oficial. O jogador Leonardo Alves, professor de Artes de 28 anos que defende o Londrina Rugby, foi um dos escolhidos por meio de um concurso promovido pela Confederação Brasileira da modalidade para um clínica com os atletas da seleção neozelandesa.
"Ainda não sabemos exatamente como será, mas só a possibilidade em ver de perto alguns dos jogadores da maior equipe da modalidade é algo que causa muita ansiedade. Um dos jogadores que virá será Kieran Ried, que está concorrendo ao prêmio de melhor jogador do ano. É uma oportunidade única que não dá para perder", afirmou o jogador.
O paulista, que reside em Londrina há sete anos, conheceu o esporte durante a transmissão da Copa do Mundo da modalidade em 2003. No entanto, só começou a participar quando veio para a cidade paranaense e passou a atuar como 'Forward' - atletas fortes do time responsáveis por defender e atacar com força e por formações.
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A modalidade, que estará nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, está em crescimento no Brasil. De acordo com Alves, em 2006, somente três times disputaram o Parananese. No ano que vem, há previsão de sete clubes atuarem no Estadual.
Mesmo com os avanços, as dificuldades ainda são enormes para os praticantes do esporte. "A primeira dificuldade é o preconceito contra a modalidade. Sim, existe preconceito! Até amigos meus têm. Quando você fala que joga rugby, as pessoas não pensam em você como atleta, mas sim como um animal que gosta de dar e levar pancada. Não é bem assim. Claro que o rúgbi é um esporte de contato, claro que as vezes vocês se machuca sério, mas quase todos os esportes são assim", afirmou, citando como exemplo o histórico de lesões sofridos por Ronaldo Fenômeno no futebol.
"No rúgbi, a violência não é aceita, existem regras muito bem definidas de quando você pode tocar, como você pode tocar e onde você pode tocar no adversário. O esporte cobra valores aos jogadores, como respeito, disciplina e paixão pelo jogo. Com isso você sabe que, se desrespeitar o árbitro e o adversário, será excluído do jogo. Se você tem disciplina, não entra sujo no jogador adversário, e se tem paixão pelo jogo, ajudará que ele aconteça da melhor forma", enfatizou.
O fato do esporte ainda não ser tão popular também prejudica na atração de investimentos. "Se esportes mais conhecidos estão com grande falta de investimento, vide a situação do handebol, do vôlei e do basquete da cidade, imagine nós do rúgbi, quando apresentamos um projeto e pedimos um patrocínio, tanto no setor público quanto privado. É sempre a mesma história: 'não temos interesse, ou, não dispomos mais de verba para esse ano'. Com isso, todos nós, atletas amadores, somos obrigados a arcar com todos os gastos de material para treino, viagens, academia, alimentação específica, assistência médica. Muitos acabam sendo obrigados a abandonar o esporte e escolher fazer algo rentável. Quem segue no esporte, segue por muito amor e com muita dificuldade", complementou.
O Londrina Rugby treina todas as terças e quintas-feiras no Zerão, das 21h30 às 23h30 e aos domingos, no Aterro do Lago Igapó II às 16 horas. Anualmente, o representante londrinense disputa o Campeonato Paranaense na modalidade Union e Seven.
LUCAS VILAS BOAS
O paranaense de Santo Antônio da Platina, Lucas Vilas Boas, de 27 anos, também estará presente na clínica com o All Blacks. O jogador, que também atua como Forward, defende o Javalis Rugby Bauru e está montando o Gorilas Rugby Union, em Santo Antônio da Platina.
"Quando vi meu nome na lista, entrei em êxtase. Eu não acreditava que conseguiria conhecer os All Blacks, justamente por ser do interior e não ter a visibilidade que outros tem dentro do cenário nacional", comentou. "A minha ficha ainda não caiu. Terei a oportunidade de conhecer o Kieran Read, que na minha opinião deve ser eleito o melhor jogador do ano, conhecer Julian Savea, que é um jogador excepcional. Eu espero ser digno de pelo menos trocar um passe com eles. Espero aprender muito com eles, que representam uma hegemonia tão grande que não existe uma comparação com outro esporte", complementou.
Lucas enfatizou que a modalidade ajuda em sua formação. "No rúgbi nós aprendemos a ser cordial e respeitar o nosso adversário. Durante uma partida, somos proibidos de conversar com o árbitro, o único que tem autorização para falar é o capitão da equipe. Não podemos conversar, muito menos provocar nossos adversários. E quando o árbitro se refere a algum jogador, ele o chama de senhor! E aprendemos a trazer tudo o que fazemos dentro de campo para nossas vidas particulares".
ALL BLACKS
Conhecido pelo 'Haka Ka Mate' – dança típica do povo Maori que é executada para intimidar o adversário no início dos jogos – a equipe de rúgbi neozelandesa estará representada por cinco jogadores: Kieran Read (campeão mundial de 2011, melhor jogador neozelandês de 2010, 60 jogos pelos All Blacks, sendo capitão do time em 2013); Jeremy Thrush (melhor jogador juvenil do mundo em 2004, 5 jogos pelos All Blacks); Beauden Barrett (15 jogos pelos All Blacks, com 57 pontos anotados); Julian Savea (melhor jogador juvenil do mundo em 2010, artilheiro do Mundial M20; 19 jogos pelos All Blacks, com 90 pontos anotados e 18 tries) e Francis Saili (2 jogos pelos All Blacks).