A temporada de 2016 da NFL ainda nem começou, mas uma polêmica já toma conta do futebol americano nos Estados Unidos. O protagonista da controvérsia é o quarterback Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, que tem se recusado a ficar de pé durante a execução do hino nacional do país, como protesto contra problemas sociais e raciais enfrentados no território norte-americano.
A atitude do jogador ganhou repercussão após a derrota para o Green Bay Packers durante a pré-temporada e criou um grande debate nos Estados Unidos. Enquanto muitos se opõem a Kaepernick, como o candidato à presidência Donald Trump, outros veem o protesto com naturalidade. Se Trump sugeriu ao quarterback "procurar outro país", o atual presidente norte-americano, Barack Obama, avaliou que o jogador está apenas "exercendo seu direito".
"Ele está exercendo seu direito constitucional, fazendo uma declaração. Há uma longa história de esportistas que já o fizeram. Não duvido de sua sinceridade, baseado no que já ouvi. Acho que ele se importa. São problemas reais e legítimos, e ao menos o que ele fez tem gerado mais conversas sobre tópicos que precisam ser falados", declarou durante um pronunciamento na cidade chinesa de Hangzhou.
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Kaepernick sabe que seus protestos podem gerar uma repercussão extremamente negativa, principalmente em um país que prega o patriotismo como os Estados Unidos. Mas prometeu continuar a não se levantar para o hino nacional sempre que achar necessário. "Não vou me levantar e mostrar orgulho a uma bandeira de um país que oprime pessoas negras e de cor. Para mim, isso é maior do que o futebol americano e seria egoísta da minha parte ignorar. Há corpos nas ruas e pessoas se livrando de assassinatos cometidos", explicou.
Se de fato gerou repercussão negativa com parte da sociedade norte-americana, o protesto de Kaepernick foi endossado por outra grande parcela. A venda de suas camisas dispararam. Outros atletas da NFL imitaram o gesto durante a pré-temporada e até a jogadora de futebol da seleção dos EUA Megan Rapinoe se ajoelhou durante o hino no último fim de semana, durante jogo de sua equipe, o Seattle Reign.
"Foi completamente intencional. Acho repugnante a forma como ele (Kaepernick) tem sido tratado e a maneira com que a imprensa tem abordado o assunto e transformado em algo diferente. Precisamos de um diálogo muito mais reflexivo e aberto sobre assuntos raciais no país. Sendo uma norte-americana homossexual, sei o que significa ver a bandeira e saber que nem todas suas liberdades estão protegidas. É algo pequeno que posso fazer. É importante que nós, brancos, apoiemos os negros nisto", disse ela.
Obama se manifestou de forma parecida e defendeu o direito dos cidadãos norte-americanos de se posicionarem. "Vocês já me ouviram falar disso no passado: nossa necessidade de ter ativismo. Algumas vezes é confuso, controverso, e deixa as pessoas bravas, frustradas. Mas prefiro ter jovens engajados na discussão e tentando pensar sobre como podem ser partes do processo do que ter pessoas sentadas de lado sem prestar atenção em nada."