A política e o esporte entraram em conflito no Irã neste domingo, com a condenação a um ano de prisão para a torcedora iraniana Ghoncheh Ghavami. O crime dela perante as leis de seu país foi ter participado de um ato para que mulheres possam assistir partidas de vôlei dentro do ginásio - pessoas do sexo feminino são banidas de competições disputadas por homens no Irã. E o incidente vem gerando comoção e mobilização em algumas partes do planeta.
Ghavami, que tem dupla nacionalidade (iraniana e britânica), esteve em um ato com outras 40 mulheres no dia 20 de junho do lado de fora do Ginásio Azadi, em Teerã, enquanto Irã e Itália duelavam pela Liga Mundial de Vôlei. Elas pediam liberação para ver a partida. A graduada em direito foi detida na ocasião, liberada em seguida mas presa novamente dez dias depois, quando foi buscar seus pertences na polícia. Desde então, ela encontra-se encarcerada.
A prisão da jovem de 25 anos fez com que organismos e entidades ao redor do mundo se pronunciassem sobre o tema. Uma delas foi a Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Em seu Congresso Mundial, realizado em Cagliari (ITA), a federação presidida pelo brasileiro Ary Graça clamou para que Ghavami seja liberada. Durante o evento, todos os presentes fizeram dois minutos de aplausos em homenagem e apoio à iraniana.
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"Nós normalmente não procuramos interferir nas leis dos países. Mas de acordo com a Carta Olímpica, a FIVB está comprometida com a inclusão e com o direito da mulher de participar do esporte em igualdade de condições. Como vocês sabe, eu escrevi uma carta para o presidente do Irã, Hassan Rouhani, pedindo a ele para intervir nesta questão e para liberá-la", disse Graça durante pronunciamento no congresso.
Quem também comprou a briga de Ghavami foi o organismo governamental da Grã-Bretanha relacionada a questões de relações internacionais.
"Estamos preocupados com as notícias de que Ghoncheh Ghavami foi condenada a 12 meses de prisão por 'propaganda contra o estado'. Estamos preocupados com a base desta condenação, e também com o tratamento recebido por ela na custódia", escreveu o escritório em nota oficial.
A prisão de Ghavami também mobilizou entidades de direitos humanos, já que a torcedora teria sofrido maus tratos na cadeia.