Uma baixa ingestão de frutas, legumes e verduras pode levar à queda na capacidade reprodutiva do homem, segundo estudo realizado na Espanha
Cientistas das Universidades de Múrcia e de Alicante concluíram que a presença dos chamados antioxidantes nestes alimentos melhoram a qualidade do sêmen, afetando positivamente os parâmetros de concentração de espermatozoides, e ainda sua morfologia e sua mobilidade.
Ao mesmo tempo, uma dieta à base de alimentos mais gordurosos pode produzir um efeito negativo na fertilidade masculina.
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"Um estudo anterior nosso mostrou que homens que comem muita carne e laticínios gordurosos têm uma qualidade de sêmen inferior à dos que consomem mais frutas, legumes e laticínios desnatados", explicou Jaime Mendiola, da Universidade de Múrcia e principal autor da pesquisa, publicada na revista especializada Fertility and Sterility, da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
Suplementos
Para o atual estudo, os cientistas analisaram 61 voluntários - 30 deles com problemas reprodutivos e os demais como grupo de controle.
"Observamos que nos casais com problemas de fertilidade que chegavam à clínica, os homens com melhor qualidade seminal consumiam mais verduras e frutas - portanto mais vitaminas, ácido fólico e fibras, e menos proteínas e gorduras - do que os homens com baixa qualidade do sêmen", afirmou Mandiola.
O pesquisador admitiu, no entanto, que sua equipe ainda não chegou a uma conclusão sobre se seria suficiente para um homem com problemas de fertilidade ingerir suplementos vitamínicos, em vez de aumentar o consumo de legumes e frutas.
"Vamos realizar um estudo nos Estados Unidos, onde o consumo de suplementos é muito comum, para avaliarmos este aspecto", disse Mandiola.
Os antioxidantes são um dos grandes chamarizes das indústrias de cosméticos e suplementos alimentares, que alegam que essas substâncias têm a propriedade de combater os chamados radicais livres, moléculas de oxigênio altamente reativas que circulam pelo organismo e provocariam o envelhecimento celular.
Em queda
Cada vez mais estudos científicos indicam que a qualidade do sêmen humano e da fecundidade masculina vêm caindo nas últimas décadas.
Uma pesquisa realizada com homens europeus entre 2001 e 2008, pelo Instituto Valenciano de Infertilidade, os portugueses ocuparam o primeiro lugar da lista de qualidade do sêmen e sua capacidade de conceber um feto, seguido dos espanhóis.
Nos países do norte da Europa, como na Escandinávia, cerca de 40% dos jovens apresentam uma qualidade de sêmen inferior à recomendável para ser fértil.
"Os especialistas dinamarqueses estão estudando o assunto porque esses números são preocupantes", explicou Mandiola. "Os hábitos de vida podem estar muito relacionados com a qualidade do esperma e com os parâmetros da fertilidade em humanos."
O pesquisador lembra ainda que a comunidade médica tem feito um esforço para aconselhar mulheres grávidas a evitarem a exposição a agentes tóxicos, que poderiam afetar a fertilidade do bebê na idade adulta.