Do ponto mais alto do Jardim Maracanã (região oeste de Londrina) é possível avistar os condomínios fechados de alto padrão da zona sul a cerca de três quilômetros de distância.
Olhando de perto, as realidades são bem diferentes. No bairro, que não passa de um assentamento, a população não tem muros altos nem cerca elétrica. E o perigo, muitas vezes, mora no barraco vizinho.
Assustada, a população se cala quando o assunto é a criminalidade, principalmente depois de mais um começo de semana crítico. Na segunda-feira, uma moradora teve queimado o barraco onde morava.
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O incêndio aconteceu depois que ela denunciou à polícia que estava sendo mantida refém na própria casa por um grupo de marginais. Também na segunda-feira à noite, um homem foi assassinado na avenida que divide o Maracanã com o João Turquino.
A Folha percorreu o bairro na tarde de ontem na tentativa de ouvir os moradores. A primeira resposta é sempre uma pergunta: ''é reportagem sobre violência?''. Já quando o assunto são os outros tantos problemas do bairro as pessoas não temem em apontá-los, principalmente porque estão bastante evidentes.
A professora Luzia Catarino, diretora da Escola Municipal Noêmia Malanga, está presente na comunidade há mais de sete anos. Ela prefere não falar diretamente sobre a criminalidade do bairro, mas lembra que 16 vítimas de homicídios já tinham passado pela escola.
''Isso dá uma sensação de impotência'', admite. Muitos moradores, segundo Luzia, preferem se mudar do bairro do que conviver com as constantes ameaças. Com isso, quatro turmas foram fechadas no ano passado por causa de transferência de alunos.
Sobre os outros problemas do Jardim Maracanã, a diretora diz que a falta de asfalto é um dos grandes vilões, principalmente por causa dos problemas respiratórios que provoca.
A ausência de pavimentação nas ruas também é a reclamação do comerciante Wilson Marques da Silva. ''Nós já desanimamos tanto que só a máquina (trator que tapa os buracos) é um prêmio para nós.'' Para amenizar a falta de equipamentos de lazer, a quadra poliesportiva da escola é liberada nos finais de semana.
Por seu lado, o delegado-chefe da Polícia Civil, Jurandir Gonçalves André, garante que será implacável com os grupos que estão amedrontando a comunidade. Ele diz que a segurança no bairro terá prioridade.
Ele orientou seus delegados e policiais a dialogarem mais com a comunidade. O promotor de defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais, Paulo Tavares, destaca que a atuação do Ministério Público será no sentido de exigir que o município invista e que as polícias intensifiquem suas ações no bairro.