Pelo menos 150 pessoas, entre representantes de sindicatos, movimentos populares e setores progressistas da igreja saíram de Curitiba, ontem à noite, rumo à Porto Alegre para participar do Fórum Social Mundial. Além de três ônibus, sendo dois com professores estaduais e universitários, outros seguiram em carros e ônibus de linha. Na bagagagem dos presentes, a maior expectativa é que o Fórum possa representar um primeiro passo para que os setores de esquerda de todo o mundo consigam se articular e construir uma proposta alternativa aos modelos econômicos e financeiros do neoliberalismo internacional.
Nesse sentido, as entidades paranaenses, representadas pelo Fórum de Luta por Trabalho, Terra, Cidadania e Soberania distribuirão um dossiê durante o evento, denunciando o governo Jaime Lerner pela prática de violência no campo, desmonte do serviço público e o envolvimento de setores do governo no crime organizado. "Queremos quebrar essa falsa imagem de que os estados do sul são melhores do que o restante do País e mostrar a todos o que existe aqui no Paraná", diz o secretário executivo da Comissão Pastoral da Terra Jelson Oliveira. Entre os dados, ele aponta a posição do Paraná como o sétimo estado em nível de miséria e quarto em número de favelas.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT/PR), Roberto von der Osten, este Fórum pode significar um primeiro estágio para que os setores da esquerda possam iniciar um movimento de resistência, com medidas e ações concretas contra o neoliberalismo. "Um dos temas do encontro, por exemplo, é a geração de riquezas e desenvolvimento humano. Nesse ponto nós vamos poder mostrar alternativas à visão geral do mundo de hoje, que diz que o certo é a competição entre os mercados e não o desenvolvimento humano", diz.
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Mesma opinião tem o assessor de formação do Sindicato dos Professores da Rede Estadual (APP SIndicato), Edson Cruz. "A idéia é construir um movimento grande, de caráter internacional, agregando as forças em busca de alternativas ao modelo existente. Queremos um modelo que pense mais na defesa da humanidade do que apenas no desenvolvimento econômico", afirma. Os participantes também fazem questão de lembrar que o Fórum de Porto Alegre terá continuidade com a realização de outros eventos semelhantes no futuro.
O 1º Fórum Social Mundial foi idealizado por diversas entidades da sociedade, entre elas a Central Única dos Trabalhadores, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento dos Sem Terra (MST) e Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais. A intenção é que o Fórum passe a ser realizado todos os anos, simnultaneamente ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça, sempre no final de janeiro. O Fórum Econômico é realizado desde 1971 e tem papel estratégico na formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em todo o mundo.
A expectativa dos organizadores é que aproximadamente 30 mil pessoas participem do evento na capital gaúcha. Estão previstos vinte painéis e a realização de cerca de 450 oficinas, com temas diversos.