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Intolerância religiosa

Mãe de santo registra B.O. contra vizinho suspeito de atacar centro de umbanda em Londrina

Caroline Knup - Especial para o Portal Bonde
28 out 2022 às 14:38

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A lata de tíner estava com um tecido que servia como pavio no qual foi ateado fogo - Divulgação/Cláudia Augusto dos Santos/Mãe Iyá Ikandayo
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Um centro de umbanda localizado na Vila Guarujá, na região central de Londrina, foi atacado por um incendiário na tarde desta quinta-feira (27). No momento da ocorrência, Cláudia Augusto dos Santos, a Mãe Iyá Ikandayo, acionou a PM (Polícia Militar). Na manhã desta sexta-feira (28), compareceu à Central de Flagrantes da PC (Polícia Civil) para registrar um B.O contra seu vizinho, suspeito do crime.


O imóvel foi atingido, na tarde de quinta, por uma lata cheia de tíner, com um tecido que servia como pavio, no qual foi ateado fogo. No momento do crime, duas mães de santo estavam no interior da residência. 

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Mãe Iyá Ikandayo é uma das responsáveis pela gestão do Centro de Umbanda Cachoeirinha de Xangô e relata que a lata atirada contra o imóvel só não pegou fogo porque o vento estava forte e rolou o item pela extensão do telhado. 

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As suspeitas recaem sobre um vizinho, que mora há cerca de dois anos ao lado do centro religioso e que já provocou rusgas com Mãe Iyá e sua sócia. Outros moradores próximos, mais antigos, jamais manifestaram qualquer incômodo com a atividade do terreiro, diz a líder espiritual.

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"Já registramos um boletim de ocorrência contra ele [vizinho] em agosto deste ano. Ele me xingou e disse que cultuávamos o demônio. E, agora, estou registrando de novo. Quero que ele seja investigado, porque representa um risco para mim e para minha sócia", afirma.


Mãe Iyá conta, ainda, que o suspeito saiu de casa quando a PM foi acionada e, após retornar, xingou novamente as mães de santo e ameaçou suas vidas. "Depois que a polícia saiu, ele nos chamou de nomes ofensivos mais uma vez e disse que, se não nos matasse, ia mandar nos matar", aponta.

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Procurada, a PM constatou a lata de tíner com o pavio, mas informou que, até o momento, não pode confirmar a autoria do atentado.


Na Polícia Civil, o caso foi registrado, mas não foi possível fazer a representação contra o suspeito por problemas de ordem técnica. Mãe Iyá Ikandayo retornará à delegacia na próxima semana para dar prosseguimento aos trâmites.

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Intolerância religiosa


Com a ocorrência, a Mãe Iyá Ikandayo chama a atenção para a necessidade de políticas públicas que prezem pela segurança e pela vida da população negra de forma geral.

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"A cor do preconceito é preta, a cor da intolerância religiosa é preta, a cor do racismo estrutural é preta. O corpo branco que cai é investigado. O corpo preto que cai é marginalizado", destaca a mãe de santo.


Para que a população e as autoridades de Londrina e região conheçam as necessidades e as reivindicações da população negra, especialmente no que se refere à intolerância religiosa, as mães de santo responsáveis pelo centro de umbanda e os frequentadores da casa estão organizando um protesto.

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A manifestação vai acontecer nesta sexta-feira, a partir das 17h, na rua Humberto Picinin, 141, em frente ao centro. Os organizadores pedem que os participantes vistam branco para representar a ação pacífica.


"O que as entidades e os guias espirituais mais falam em nossa casa é que não podemos combater ódio com ódio. Precisamos, sim, de políticas públicas para nossa segurança, mas não vamos agir como os intolerantes", declara Cláudia.

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Histórico em Londrina


Durante a entrevista ao Portal Bonde, a Mãe Iyá Ikandayo recordou que, em 2013, Londrina foi palco de um crime hediondo motivado por intolerância religiosa: Vilma Santos de Oliveira, a Yá Makumby, que era líder do movimento negro na cidade, foi morta.


RECORDE O CASO:


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Além de Yá Makumby, outras três mulheres foram assassinadas, incluindo sua mãe, de 86 anos, e sua neta, de 10 anos. O crime chocou Londrina e, segundo Cláudia, a população não pode esperar que outros negros sejam mortos.


"Por que nossos tambores têm de ser silenciados? Nós queremos respeito, não queremos apenas ser tolerados", finaliza.

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