As forças policiais foram responsáveis por cinquenta mortes em Londrina em 2022, quase 10% de todas as situações envolvendo a polícia em supostos confrontos no Paraná, aponta o balanço semestral feito pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e divulgado nesta quinta-feira (2). De acordo com o levantamento, ocorreram 488 óbitos nestas situações em todo o Paraná no ano passado, um aumento de 17,3% em relação aos registros de 2021.
De acordo com o balanço, a maioria das mortes ocorreram em Curitiba (121), em Londrina, com os 50 registros, e Foz do Iguaçu (22). Juntas, as três cidades somam quase 39% dos óbitos em situações semelhantes. O restante das mortes de civis em supostos confrontos se espalham por outros 102 municípios.
São contabilizadas para o levantamento as ocorrências com policiais civis e militares e guardas municipais. A maior parte dos registros vem de confrontos com policiais militares: 483 (75 mortes a mais do que o registrado em 2021). Também houve dois casos envolvendo policial civil (um em Guaíra e outro em Quitandinha) e três com guardas municipais (dois em Curitiba e um em Araucária).
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Além disso, o levantamento indica que as regiões metropolitanas são onde mais ocorrem esse tipo de situação: dos dez municípios que concentram o maior número de mortes em confrontos com a polícia, cinco são da Região Metropolitana de Curitiba (Curitiba, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Piraquara e Campo Largo) e dois da Região Metropolitana de Londrina (Londrina e Cambé).
ACESSE AQUI A LISTA COM TODOS OS MUNICÍPIOS DO BALANÇO
Recortes
Nos confrontos com policiais militares, 247 vítimas eram pardas (51%), 33 negras (7%) e 203 brancas (42%). Em relação à faixa etária, 287 vítimas em confrontos com policiais militares tinham entre 18 e 29 anos (59,42%) ; 166 tinham idade entre 30 e 59 anos (34,37%) e 30 tinham entre 13 e 17 anos (6,21%).
Estratégia
O controle estatístico das mortes em confrontos policiais pelo Gaeco faz parte de estratégia institucional de atuação do MPPR com o objetivo de contribuir para a diminuição da violência das abordagens conduzidas pela polícia. As iniciativas do Ministério Público com esse intuito são constantemente discutidas com representantes da Secretaria de Estado da Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Militar.
Nesse contexto, o Ministério Público do Paraná, a exemplo dos demais MPs do Brasil, aderiu ao programa nacional “O MP no enfrentamento à morte decorrente de intervenção policial”, instituído pelo CNPM (Conselho Nacional do Ministério Público), por meio da Comissão do Sistema Prisional, Controle Externo da Atividade Policial e Segurança. A iniciativa do CNMP tem como objetivo assegurar a correta apuração das mortes de civis em confrontos com policiais e guardas municipais, garantindo que toda ação do Estado que resulte em morte seja investigada.
OUTRO LADO
Em nota, a Sesp informa que o confronto, sempre que possível, é evitado. "As forças de segurança têm treinamentos para atuar em situações de conflito e revêem constantemente os protocolos operacionais. Ressalta-se que as ações são acompanhadas pelas Corregedorias das forças de segurança e órgãos de controle externo relacionados aos Direitos Humanos, ONGs e Ministério Público."
Sobre o uso das câmaras, o Governo do Paraná informou que o processo de aquisição está em andamento, mas não divulgou detalhes da licitação e nem uma data prevista para início do uso da ferramenta em campo pela Polícia Militar..