Cumprindo com a determinação da Fifa, os técnicos das 32 seleções que estarão na Alemanha em junho convocaram os 23 atletas que representarão cada país na Copa. A maioria dos treinadores deixou para esta última hora algumas convocações surpreendentes, que não mudam quase nada nas relações de favoritismos das equipes, já que muitos dos inesperados convocados voltarão para casa sem sentir o gostinho de jogar.
Parreira foi um dos técnicos que mudaram a lista na última hora, cortando o quase certo Roque Júnior e incluindo Cris. No mais, manteve sua coerência e completou as vagas restantes com Rogério Ceni, Gilberto e Fred. Destas quatro convocações, o técnico acertou na do goleiro, já que infelizmente Marcos não voltou a tempo de ir para mais uma Copa, e do atacante, pois Ricardo Oliveira pode sofrer com as lesões musculares comuns em jogadores que voltam de longo período de inatividade. Acertou parcialmente na escolha de Gilberto, porque, apesar de Júnior e Serginho serem melhores do que o ex-flamenguista (time que ao lado do São Paulo é o principal formador dos atletas brasileiros na Copa), felizmente abdicou do embuste chamado Gustavo Nery. E errou feio chamando Cris, que é pior do que Roque Júnior (que já voltou a jogar) e não chega nem perto da qualidade de Alex.
Não vai ser por estas pequenas teimosias que o Brasil deixará de ser favorito ao título, mas chega a dar calafrios imaginar uma situação em que o time esteja em campo com Lúcio, Cris e Emerson atuando juntos. Com esta formação expulsões e pênaltis contra o Brasil seriam muito prováveis. Se fosse um pouco mais ousado e menos apegado aos seus jogadores de confiança, o treinador poderia formar um time capaz de ser comparado à mágica equipe que encantou o mundo em 1982.
Esta equipe ideal teria Rogério Ceni (melhor do que Valdir Perez); Cafu (quase tão bom quanto Leandro), ou mesmo Cicinho contra adversários mais frágeis; Juan e Alex (mesmo nível de Edinho ou Oscar e Luisinho); e Roberto Carlos (por melhor que seja não dá para compará-lo ao Júnior original); Mineiro, Juninho Pernambucano, Ronaldinho e Kaká ou Alex (quase capazes de rivalizar com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico); Ronaldo e Robinho ou Adriano (alguns níveis acima que a dupla Éder e Serginho).
Mas como Parreira não pretende a utopia, o jeito é torcer para que Dida recupere a velha forma; Cafu jogue o que sabe; Juan e Lúcio (principalmente este) não comprometam; Roberto Carlos reencontre seus melhores momentos; Emerson apenas não atrapalhe; Zé Roberto seja eficiente; Kaká e Ronaldinho brilhem; Ronaldo e Adriano goleiem.
Além do Brasil, lideram os palpites mundo afora as seleções de Inglaterra, Argentina, França, Itália, Portugal, Holanda, Alemanha e Espanha. Mas isto é tema para semana que vem.
Copa na Europa
Com um calendário muito mais organizado e lógico, a Europa assistiu esta semana a final da Liga dos Campeões, conquistada pelo Barcelona, que mesmo com uma visível queda nos últimos meses foi, sem dúvida, a melhor equipe da temporada. Ronaldinho não demonstrou em campo porque é o melhor do mundo, foi claramente superado por Henry, mas viu seu time vencer de virada, mais pela garra do que pela técnica. E o herói da conquista foi o contestado Belletti, que teve suas chances na seleção mas não conseguiu segurar o lugar.
Copa no Brasil
Pela primeira vez dois times do mesmo estado disputarão a final da Copa do Brasil. A ironia é que serão dois representantes do combalido futebol carioca. Flamengo e Vasco não tem times de encher os olhos de ninguém e prometem uma final muito mais brigada do que jogada com classe e categoria. Os vascaínos contam com a estrela de Edilson e os flamenguistas esperam a recuperação de Luizão, para ver qual dos dois tem mais estrela na decisão. Pena que as partidas decisivas só acontecerão no meio de julho. E tem gente que acha que o futebol brasileiro é organizado.
Punição ou premiação
Após os lamentáveis acontecimentos protagonizados por alguns vândalos que se dizem torcedores do Corinthians, a Comenbol puniu (ou seria premiou) o clube paulista com a interdição por um ano do Estádio do Pacaembú para jogos internacionais. A ridícula pena é digna dos tribunais brasileiros, esportivos ou não. Em países minimamente sérios, o clube é que seria punido e afastado de competições internacionais. Na Europa, após a tragédia na Final da Liga dos Campeões em 1985, todos os times ingleses foram afastados das disputas continentais por vários anos, o que levou a federação e o governo a implantar uma série de medidas para combater os "holligans", que ainda aprontam de vez em quando mas sabem que não estão impunes, ao contrário do que acontece aqui.
Gordura acumulada
Até o início da Copa, e antes da paralisação, o Brasileirão ainda tem cinco rodadas pela frente. É a hora de acumular "gordura" para poder enfrentar o segundo semestre, quando as equipes serão significativamente modificadas. Por isso, Coritiba e Paraná precisam reagir e conquistar bons resultados no fim de semana.
O Coxa, com o retorno do técnico Bonamigo, precisa apagar a má impressão e acabar com a pasmaceira demonstrada no empate contra o Sport, apesar de jogar por uma hora com dois jogadores a mais. O Tricolor para sair da indesejada zona do rebaixamento, onde se encontra hoje na companhia de Grêmio, Santa Cruz e Palmeiras. E o Atlético, vai em busca de uma nova vitória que traga mais confiança à equipe e a torcida, ainda não muito convencida do potencial do time, apesar da boa vitória sobre o Santa Cruz fora de casa.
Nota 10
Para Belletti, autor do gol que deu o título da Liga dos Campeões ao Barça. Para Vitor Negrete, primeiro brasileiro a escalar o Everest sem oxigênio suplementar, que infelizmente morreu logo após conseguir este feito.
Nota 0
Para a falta de ousadia e as escolhas equivocadas de Parreira.