A última rodada da fase de classificação, cheia de reviravoltas, envolveu o torcedor como há muito tempo não se via. Desfecho melhor do que o esperado pelo baixo nível técnico da maioria das equipes e pela bagunça que imperou na elaboração da tabela. Um verdadeiro show, temperado com um clima típico de dramalhão mexicano.
Os paranaenses viveram situações diversas. Atleticanos golearam o time misto do Juventude, ato final de uma campanha melancólica após o título do ano passado. Problemas de relacionamento interferiram no desempenho, mas o pior é que alguns jogadores acreditaram nos elogios após a conquista e se conveceram que eram craques de fina estirpe. De bom mesmo, só as belas jogadas de Fabiano.
Coxas-brancas sonhavam com uma vaga nas quartas mas levaram uma goleada do Gama. Mas o balanço é positivo, pois o time superou limitações e conquistou um honroso 11o lugar. Bonamigo fez um bom trabalho com um elenco reduzido, em que merecem destaque o goleiro Fernando e o meia Tcheco.
Já os paranistas tiveram a corda no pescoço durante a maior parte do tempo, mas com muita garra e o ótimo momento de Maurílio, escaparam do rebaixamento. Caio Júnior tem seus méritos por ter trazido de volta a confiança perdida. Marcos e Márcio foram outros bons nomes.
Triste destino
As grandes decepções do campeonato foram Palmeiras e Botafogo que, a não ser que aconteça mais uma virada de mesa, vão de mãos dadas para a Segundona. Mais do que falta de empenho, ou do tal amor à camisa, faltou organização, dentro e fora de campo. O rebaixamento é fruto de péssimas administrações, algo crônico no time carioca e que foi disfarçado no Palmeiras pelos investimentos dos patrocinadores. O Botafogo ao menos parece estar em boas mãos, com a eleição de Bebeto de Freitas. Que Garrincha o ilumine.
Os melhores
Na parte de cima da tabela, algumas confirmações e pequenas surpresas. O São Paulo, melhor time até aqui, superou um início irregular e disparou na liderança. A ótima fase de Kaká, o faro de gol de Luís Fabiano e Reinaldo e o comando de Ricardinho, compensam com sobras a defesa vulnerável. É o favorito ao título, mas isso não basta para vencer.
São Caetano e Corinthians estão num patamar um pouco inferior. Sem a mesma qualidade técnica, Mário Sérgio e Parreira montaram equipes competitivas e bem armadas. São os melhores conjuntos, mas sentem falta de um craque que decida partidas. Gil pode ser a solução para os alvi-negros. Já no Azulão, mais do que Adhemar ou Anaílson, quem assumiu o papel foi Claudecir.
Grêmio e Juventude são gaúchos de alma e fazem um futebol de força e marcação. O Juventude é mais organizado mas a dupla de Rodrigos do tricolor garante a criatividade que falta ao time de Ricardo Gomes, que já fez mais do que o esperado.
Atlético Mineiro e Santos são equipes leves, que abusam da velocidade. O Galo com o incansável Marques, a revelação Paulinho e o renascido Mancini, que com liberdade para atacar se revelou artilheiro. Méritos para Geninho, que soube armar o time. A molecada da baixada dribla, inventa, encanta em alguns momentos, mas peca pela falta de maturidade e de objetividade.
O Fluminense é um caso a parte. Favorito no início, graças a contratação de Romário, viveu péssimos momentos e melhorou no final. Não tem um bom conjunto, Renato Gaúcho é mais motivador do que orientador, a defesa é fraca, mas possui um trunfo. O baixinho marrento da camisa 11, mesmo as vésperas da aposentadoria, ainda mostra porque é um dos melhores jogadores do mundo.
Nota 10
Para o time do Paraná, que superou um momento difícil e deixou o estado com três times na 1a divisão, atrás apenas de São Paulo e ao lado de gaúchos e cariocas.
Nota 0
Para Vanderlei Luxemburgo, que do alto de sua soberba viu o Cruzeiro fora das quartas e o Palmeiras, que ele ajudou a formar, rebaixado. E ainda querem que ele volte para a Seleção.