Zidane fora das duas primeiras partidas da França, Inzaghi desfalca estréia da Itália, Beckham recupera-se de fratura no pé e ainda é dúvida na Inglaterra. As manchetes dos últimos dias sobre o mundial dizem muito mais respeito aos departamentos médicos do que aos técnicos das seleções. Em uma nunca vista série de contusões, fruto da extenuante temporada européia e da desorganização dos calendários esportivos ao redor do mundo, grandes jogadores perderam a chance de disputar a Copa ou tiveram suas condições comprometidas. A bruxa anda solta, afetando principalmente Alemanha e Inglaterra, que não poderão contar com diversos titulares em seus times. O mesmo drama atinge seleções como a Argentina, que teme pela saúde do "motorzinho" Veron; a França, que já perdeu Pires e tem hoje seis jogadores machucados e o próprio Brasil, que ainda não pode confiar plenamente na capacidade física de Ronaldo, Rivaldo e Luizão, vitimados por contusões crônicas na última temporada. A fase é tão ruim que até mesmo acidentes domésticos são responsáveis por baixas, como aconteceu com o goleiro espanhol Canizares, que cortou o pé com um vidro de perfume e perdeu a vaga na seleção. Com tantos problemas, o nível técnico cai bastante e o espetáculo certamente não vai ser o mesmo.
Bola rolando
Finalmente a bola vai rolar e o fim de semana apresenta algumas partidas interessantes, apesar dos horários ingratos. Vale a pena acompanhar a estréia da França contra os valentes senegaleses e ver até que ponto a atual campeã consegue superar a ausência de seus dois principais armadores, Zidane e Pires. Sem eles, os temidos "bleus" devem se tornar uma equipe comum. No sábado, completando a rodada do Grupo A, teremos o decadente Uruguai, desanuviado apenas pelo excelente Recoba, contra a Dinamarca, longe de apresentar o futebol bonito de outras Copas. De interessante, apenas a vontade uruguaia de vingar os 6 x 1 de 86.
No mesmo dia acontecem as partidas do Grupo E: Irlanda x Camarões e Alemanha x Arábia Saudita. É o confronto entre o futebol de força e aplicação tática dos europeus contra o talento dos africanos e a correria dos arábes. Entre os quatro, apenas os camaroneses atravessam boa fase técnica e valem as horas de sono perdidas.
No domingo é a vez das partidas das Chaves B e F, o famigerado "Grupo da Morte". Paraguai x África do Sul e Espanha x Eslovênia valem uma espiada, pela garra dos sul-americanos e pela técnica dos europeus do Sul, embora nenhum deles deva ir muito adiante. Imperdíveis mesmo são os outros dois confrontos. A forte Argentina, uma das favoritas ao título, encara a incógnita Nigéria, que tanto pode encantar, como aborrecer. E a Inglaterra, apresentanto um futebol mais técnico que o seu normal, contra a Suécia, time equilibrado e sólido na defesa. Emoção garantida também no apito do "brazuca" Carlos Eugênio Simon, que atravessa péssima fase.
Na segunda, é a vez do Brasil. Melhor nem comentar.
Nota 10
Para a Argentina, que, proibida de aposentar a camisa 10, escolheu um legítimo sucessor de Maradona para vesti-la: Ortega.
Nota 0
Para o governo japonês, que impede a entrada de Maradona no país por seu envolvimento com drogas, tratando viciados como criminosos. Hipocrisia sem tamanho já que figuras como Joseph Blater, Ricardo Teixeira, João Havelange e Pelé serão recebidas com pompa e honrarias.