A exemplo do que ocorreu nas últimas cinco ou seis Copas, os sempre traumáticos cortes por contusão voltaram a rondar a Seleção Brasileira. Mas, da mesma forma que em 2002, desta vez a equipe só tem a ganhar com a mudança de jogador. Se antes da Copa da França o torcedor brasileiro perdeu a esperança de ver Romário em campo, tendo que se contentar com um Bebeto em fase já decadente, o primeiro mundial da Ásia nos livrou de ver Emerson maltratando a bola (e alguns adversários) em campo. O volante que sabe-se lá porque é xodó de vários técnicos brasileiros se contundiu em um treino recreativo e abriu vaga para Kleberson (que jogou muito naquela Copa) no time titular e ainda para a convocação de Ricardinho.
Pois pelo visto os deuses do futebol voltaram a vestir a camiseta canarinho a pouco mais de uma semana para a Copa da Alemanha e deram um jeito para que Parreira corrigisse a maior injustiça por ele cometida na convocação. Edmilson foi cortado por uma lesão no menisco e deu lugar ao melhor volante do futebol brasileiro no momento, o discreto, eficiente e incansável Mineiro. Agora resta esperar que os mesmos deuses providenciem a entrada do jogador do São Paulo no lugar daquele mesmo Emerson que ficou com a vaga de Romário em 98 e perdeu a sua na Copa seguinte.
Se o técnico perdesse apenas alguns minutos traçando um comparativo entre o seu preferido e o novo integrante da equipe, veria que o único parâmetro em que Emerson leva vantagem é na experiência. Mas se isso é tão importante é melhor escalar o Zagallo de uma vez. No resto, em explosão física, resistência e técnica, Mineiro está muito acima do titular absoluto do meio campo. Mas estes aspectos parecem não valer nada para o treinador, que é um daqueles adeptos dos tais "homens de confiança".
Comemoração desmedida
Tem muita gente boa por aí comemorando a "sensacional" goleada da seleção sobre o time do Lucerna, campeão da segunda divisão da Suíça, que ainda contou com os "reforços" de alguns veteranos que por lá jogaram um dia. Sobram loas ao poder ofensivo do Brasil, ao ressurgimento de Ronaldo e Adriano, á precisão e classe de Kaká. Muitos dos adjetivos dados a esses craques são merecidíssimos, mas basta ter um mínimo de bom senso para saber que o amistoso foi muito mais fraco do que qualquer coletivo da seleção. E o pior é que a zaga continuou jogando em linha e com vários buracos nas costas dos laterais, que permitiram jogadas que quase resultaram em gol do humilde adversário (aliás, no jogo-treino anterior o time levou gol do time Sub-20 do Fluminense).
O pior é que se esses erros de posicionamento dos zagueiros, laterais e volantes persistirem, Parreira já avisou que tirará um dos vértices do "Quarteto Mágico". Como se o problema estivesse neles e não na auto-confiança excessiva de Lúcio, nos deslizes de Juan, nas distrações de Cafu e Roberto Carlos ou na falta de fôlego e velocidade de Emerson. Parreira deve sonhar todos os dias com aquele futebol feio e eficiente do time de 94. Pode até dar certo de novo, até porque o time tem talento de sobra para decidir em lances isolados, mas que poderia ser com menos sofrimento não há a menor dúvida.
Fantasma
Já faz algum tempo que Ronaldinho não demonstra, nem no Barcelona e nem na seleção, o futebol que sabe jogar. Talvez seja o cansaço do final de temporada, talvez um pouco de enfado por tantos elogios e compromissos publicitários. Mas tomara que seja apenas um período para recarregar as baterias, a exemplo do que Ronaldo fez na última Copa.
Bruxa solta
Com os cortes de Edmilson no Brasil; de Smicer na República Checa; e de Del Horno na Espanha; já são dez os jogadores cortados na reta final de preparação.
Perguntas que não calam
Porque as comissões técnicas e médicas do Brasil esconderam a contusão de Edmilson? Porque uma lesão significativa como a do menisco não foi descoberta nos exames anteriores? Qual o real critério adotado por Parreira e seus auxiliares para decidir pela convocação ou não de jogadores machucados ou que retornaram de contusões? Roque Júnior e Ricardo Oliveira, apenas para citar as duas ausências mais sentidas, não estavam melhor fisicamente que Edmilson? Porque então insistir em chamar o volante do Barcelona, que confessou ter sentido a contusão já na final da Liga dos Campeões? Perguntas que só o treinador pode responder.
Falta de tato
Zagallo continua fazendo das suas. Dia desse falou que o tempo de Pelé já tinha passado, que o tempo de Zico já tinha passado (até aí nada de mais), que o tempo de Ronaldo já tinha passado (aqui é que o bicho pega), e que agora era o tempo de Ronaldinho (bidu). Ótimo jeito de um profissional tido como motivador animar o principal atacante de sua equipe.
Nota 10
Para a convocação de Mineiro para o lugar do contundido Edmilson. Nessa o Parreira acertou em cheio.
Nota 0
Para a falta de clareza e critério da Comissão Técnica da Seleção Brasileira.
P.S.: A partir da semana que vem, e durante toda a Copa, esta semana será publicada duas vezes por semana.