A derrota brasileira para os uruguaios na final da Copa de 1950, no Rio de Janeiro, entrou para a história como o Maracanazo, uma espécie de tragédia só vista em novelas mexicanas que deixou caladas cerca de 200 mil pessoas – como os portões do Maracanã foram arrombados pela multidão é impossível precisar o número exato mas o jogo é considerado o de maior público em toda a história.
E não é que mais de 50 anos depois, ocorreram dois mini-Maracanazos. O primeiro teve o requinte de uma cópia bem feita e aconteceu no mesmo palco, com público encolhido para pouco mais de 80 mil espectadores. E se não foi com a seleção, foi com o time mais popular do Brasil, o Flamengo de tantas tradições.
Confiando na mística da camisa rubro-negra – e cegos pela paixão já que o time está a anos-luz daquela quase seleção do início dos anos 80 – os flamenguistas foram em peso ao estádio crentes que o pequeno Santo André não teria a menor chance. Ledo engano que custou lágrimas e uma cruel decepção após o baile tático proporcionado pelo clube do ABC paulista.
Méritos totais para Péricles Chamusca, que só não levou um clube pequeno ao título da Copa do Brasil porque viu o seu Brasiliense ser escandalosamente roubado em uma final contra o Corinthians. Dessa vez não houve nem chance para o juiz ajudar o time da casa e o Santo André pôde comemorar a merecida conquista.
Fado desafinado
No domingo foi a vez dos portugueses viverem no intervalo de poucas horas momentos de euforia e melancolia. Jogando em casa, embalado por épicas vitórias sobre Inglaterra e Holanda, o time de Felipão pintava como favorito. E tudo parecia conspirar a favor dos lusitanos já que o destino colocou na final os esforçados gregos, oferecendo aos donos da casa a chance de vingar a única derrota sofrida na Euro até então.
Mas como a tragédia é originária da Grécia, a história foi bem diferente. Jogando com a tradicional retranca, os gregos anularam as jogadas ofensivas dos adversários e conseguiram um gol – como sempre após cobrança de escanteio – em uma das raras oportunidades que tiveram. E de nada adiantou a pressão de Portugal, que lutou até o final e merecia sorte melhor. Mas faltou ao time de Felipão um atacante capaz de decidir o jogo em um lance de gênio como um dos Ronaldos, por exemplo. Como estampou um jornal carioca, Zeus é grego.
O resultado foi ruim mesmo para o futebol porque premiou um sistema de jogo defensivo e feio, se bem que sem violência, já que ao contrário do que os técnicos – e principalmente os zagueiros – brasileiros pensam, defender não é bater.
Meia boca
A retranca também foi a arma da outra zebra da semana, o Once Caldas, que venceu o poderoso Boca Juniors e conquistou a Libertadores. A tática da equipe sempre foi a de segurar o empate fora de casa para decidir no alçapão de Manizales, onde o time continua imbatível. Nem mesmo o caldeirão de La Bombonera assustou os colombianos, que deixaram de lado a tradição do futebol ofensivo do país e levaram a taça numa decisão de pênaltis marcada pela incompetência dos batedores. Os argentinos conseguiram a façanha de errar todas as quatro cobranças enquanto que os adversários converteram duas das quatro chances.
Zebra de saia
Em Wimbledon a zebra também marcou presença na incontestável vitória da russa Maria Sharapova sobre a favoritíssima Serena Williams. A nova musa do tênis, apesar de seus meros 17 anos, mostrou grande controle emocional e venceu os dois sets – o primeiro por 6 a 1 – sem dar chances à norte-americana. Tomara que ela não se perca em mais às inúmeras propostas de campanhas publicitárias que chovem sobre ela.
Ultrapassagem
E não é que Barrichello conseguiu fazer uma ultrapassagem bela e arrojada nos últimos metros do GP da França. Foi talvez o único momento de emoção da prova vencida pelo mesmo de sempre. Schumacher chegou a incrível marca de nove vitórias em dez corridas e parece que não vai parar nesta marca. Perfeito, embora monótono.
Nota 10
Para Felipão, por ter levado a limitada seleção portuguesa à final da Euro.
Nota 0
Para Felipão, que com a velha teimosia – que já funcionou muitas vezes – escalou mal a equipe no início do jogo. Deixar Rui Costa no banco foi um erro que custou caro.