O tempo passa rápido. Parece que foi há pouco tempo que o maior jogador da história do futebol chegou aos 50, um pouco depois aos 60, e agora já são 65 anos de uma vida cheia de histórias para contar. Pena para o Rei do Futebol que os tempos não sejam muito alegres por seus problemas familiares -- não deve ser nada fácil ter um filho preso -- e as comemorações tenham sido muito mais discretas.
Mas, como ele mesmo insiste em separar o jogador do homem, pode-se dizer que á apenas o Edson Arantes do Nascimento que chegou aos 65 anos. Pelé não tem idade e pode tanto ser o garoto que surgiu do nada em Santos, quanto o craque já veterano que foi ensinar um pouco de futebol aos norte-americanos na época do Cosmos.
Pelé, assim como Garrincha, não pertence a classe dos mortais do futebol, não parece ser feito de carne, ossos e músculos. É uma legenda, uma lenda, daquelas que não têm mais espaço no futebol moderno -- apesar de Robinho e Ronaldinho Gaúcho.
E impossível ver os lances do Atleta do Século e ficar indiferente. Seus gols fantásticos, dribles curtos e eficientes, os chutes precisos com qualquer das pernas, a aparente intangibilidade em suas arrancadas que invariavelmente terminavam com a bola no fundo das rede, o soco no ar, marcas registradas que ressurgem quando a simples palavra de quatro letras é pronunciada.
Quem mais além dele é lembrado não apenas pelo contagem milenar dos gols que fez, e foram tantos que até confundem os estatísticos, mas até mesmo pelos dois golaços que não fez na Copa do México -- um do meio do campo e outro com um corta-luz seguido de meia-lua no goleiro. Pelé era mágico sem deixar de ser eficiente, era artilheiro sem deixar de ser garçom.
Não foi a toa que ganhou três copas, uma delas praticamente sem jogar, vítima de verdadeiras caçadas dos adversários. Mas nas outras duas reluziu tanto, em preto-e-branco ou em cores, que ninguém sente a falta. Para esquecer mesmo, apenas a Copa da Inglaterra, plenamente compensada com o Tri no México.
Pelé é realmente eterno, como diz o documentário imperdível que resgata grande parte dos gols e da carreira do maior gênio do futebol em todos os tempos.
E, felizmente, seguindo a moda lançada pelo próprio Edson de separá-lo de Pelé, e possível admirar o craque e desconsiderar as falhas do homem, que é falível como os meros mortais, coisa que Pelé jamais será.
Cumprindo tabela
O Brasileirão chega perto do fim. Ainda bem. Porque depois dos jogos manipulados, das decisões estapafúrdias dos tribunais, o campeonato virou caso de polícia e de tristeza, com três mortes de torcedores, que deixam a seus familiares dores que não serão mais apagadas. O melhor a se fazer era dar o título ao Corinthians, que fez por merecer, apesar de contar com o auxílio não solicitado do tapetão, rebaixar Flamengo e Atlético Mineiro para que seus dirigentes aprendam a não brincar com seus torcedores e deixar de lado estas agonizantes nove rodadas finais de uma competição que já perdeu todo sentido.
Nota 10
Pelé.
Nota 0
Para todos os responsáveis pelo retorno anunciado da violência aos estádios.