A madrugada reserva fortes emoções com a primeira e mais aguardada partida das quartas-de-final: Brasil x Inglaterra. O duelo do melhor ataque, 13 gols marcados pelos brasileiros, contra a defesa menos vazada, a dos ingleses, com apenas um gol sofrido em quatro partidas. Mais do que isso, é uma partida que opõe algumas das estrelas da Copa, Rivaldo e Ronaldo contra Beckham e Owen. Se der a lógica, os brasileiros já podem providenciar as passagens de volta. Mas como a lógica anda ausente no mundial, o Brasil tem chances de chegar à semifinal. Se os zagueiros deixarem.
Pela manhã, Alemanha x Estados Unidos devem fazer uma das mais chatas partidas da Copa. Um jogo em que força é a palavra dominante, presente em cada dividida de bola e na força de vontade de quem se dispuser a assistir a disputa. A bola aérea e Klose devem classificar os alemães.
Espanha x Coréia do Sul e Senegal x Turquia completam a rodada. Dos quatro, os ibéricos eram os únicos bem cotados antes da bola rolar. Mas têm pela frente dois desafios: superar a correria e empolgação dos sul-coreanos, reforçados pela vibrante torcida, e vencer o trauma de sempre “amarelar” em partidas decisivas (contra a Irlanda já foi assim). Os africanos querem fazer história e chegar a uma inédita semifinal (nenhum time do continente foi tão longe) enquanto os turcos brigam pela chance de se vingar do Brasil, que só ganhou na base do apito amigo. Vale a pena conferir.
Cosa Nostra
A Itália se despede do mundial com a legítima indignação da maior vítima das arbitragens da Copa. Mais do que simples erros, falhas clamorosas e repetitivas sugerem manipulação de resultados. É a única forma de explicar a “incrível falta de sorte” dos italianos, que tiveram ao menos cinco gols legais anulados por juízes e bandeirinhas.
A exemplo de outros mundiais, interesses políticos e econômicos mancham a Copa. Não há ingenuidade que resista a uma análise fria das falhas de arbitragem que, ao mesmo tempo que beneficiaram claramente a seleção brasileira (um pênalti inventado contra a Turquia e um gol belga erroneamente anulado), prejudicaram os italianos em lances que mudariam resultados, emparceiramentos e a própria classificação sul-coreana.
Curiosamente, a CBF é dirigida pelo ex-genro do presidente de honra da Fifa, João Havelange - que elegeu o atual presidente, Joseph Blater - enquanto os italianos mantêm forte oposição à administração vigente. Além disso, com a eliminação do Japão, a classificação dos coreanos ganhou importância para não diminuir o interesse local pela competição. Se no país dos samurais o público lota os estádios, na Coréia do Sul a Copa não atinge o mesmo sucesso.
A Itália não merecia a classificação, pela covardia de seu técnico (Trapatoni engrossa a lista de mediocridades de Bielsa, Camacho, Lemerre, Maldini e Scolari) e pelo mal futebol apresentado, mas não poderia ser eliminada por decisões externas. Pior para os coreanos, que apesar de lutarem muito para conquistar um resultado histórico e merecido, tiveram a classificação manchada pelos homens de preto (os que apitam e os que vestem elegantes ternos).
Nota 10
Para o técnico Hiddink, jogadores e torcedores sul-coreanos, que conquistaram juntos uma vitória suada e emocionante sobre os favoritos italianos.
Nota 0
Para a Comissão de Arbitragem da Fifa. Como dar nota maior para um órgão que tem como vice-presidente um certo Ricardo Teixeira.