Já virou uma saudável tradição o Judô brasileiro conquistar medalhas olímpicas. Ao lado do Iatismo e do Atletismo, o esporte acaba de atingir a marca de 12 medalhas, com os bronzes de Flávio Canto e Leandro Guilheiro. O que prova que não é preciso investir somas fantásticas de dinheiro para colher os frutos.
O segredo é a boa base formada nas escolas espalhadas por todo o país, e por iniciativas isoladas de inserção social em comunidades carentes. Com um pouco mais de apoio o esporte poderia aumentar, e muito, o número de conquistas. Talento e gente disposta a praticar o esporte existem aos montes por aí.
Praia é com o Brasil
Nas areias, as quatro duplas brasileiras seguem invictas e com grandes chances de conquistar medalhas. Ricardo e Emanuel; Márcio e Benjamin, Adriana Behar e Shelda; Ana Paula e Sandra praticamente garantiram classificação para a próxima fase e devem garantir algumas vaguinhas no pódio.
No mar, a flotilha nacional, liderada por Robert Scheidt mantém a tradição deste esporte. Scheidt assumiu a ponta na Classe Laser; Alexandre Paradeda e Bernardo Arndt seguem em quarto na 470; e André Fonseca e Rodrigo Duarte estão em terceiro na 49er. E ainda falta a estréia de Torben Grael e Marcelo Ferreira.
O Brasil na piscina
Joana Maranhão, de Pernambuco. Não podia existir alguém mais brasileiro para conquistar o melhor resultado do país nas piscina olímpica.
Discreto adeus
Gustavo Borges pendura os óculos após quatro olimpíadas e o mesmo número de medalhas. Sai com uma participação discreta, atropelado por uma geração nascida e trabalhada em verdadeiros centros de excelência na Austrália, Estados Unidos, África do Sul, Holanda e Japão. De sua época, em Atenas, apenas o fantástico Alexander Popov e Rogério Romero, verdadeiro vovô das piscinas.
Outro lado
Guga sente nos músculos, e mais ainda no quadril, o outro lado – o mais triste – de um atleta de ponta. Com um corpo que já não obedece da mesma forma ao raciocínio que continua perfeito, Guga perde muito da magia de suas bolas impossíveis. A exemplo de outros craques, como Zico, vai ter que adaptar seu estilo de jogo às novas condições físicas. Tomara que consiga porque Atenas já perdeu muito com sua eliminação precoce.
Desconfiança injusta
Incensada pela mídia, Daiane dos Santos chegou a Atenas debaixo de uma pressão cruel. Tanto que mesmo com o terceiro lugar na classificatória do Solo já pensa em alterar sua série para a final. Como se estar entre as oito melhores do mundo em um esporte sem nenhuma tradição no país não fosse um feito.
O que falar então de Daniela Hypólito, que de estrela da ginástica virou uma mera coadjuvante, ao menos para a mídia. Na competição olímpica ela provou que continua sendo a atleta mais completa da equipe e como prêmio, ao lado da ascendente Camila Comin, disputa as finais do Individual Geral.
Naufrágio
Michael Phelps deixou que se erguesse em sua volta uma enorme expectativa pela quebra do longínquo recorde de medalhas de ouro de Mark Spitz. Acreditou que ganharia oito provas, o que já não pode acontecer, e mesmo contando já com três ouros e dois bronzes – mais do que o Brasil inteiro conseguiu em Sydney, por exemplo – pode virar a grande frustração dos Jogos.
O melhor na hora errada
Brasil e Itália acabam de protagonizar a melhor partida de todos os esportes coletivos até o momento no Vôlei Masculino. Após uma batalha quase interminável, os brasileiros venceram o quinto set por incríveis 33 a 31. Jogo que deveria ter marcado a final e não ser apenas mais um da fase de classificação. Mas as duas equipes têm grandes chances de se encontrarem de novo. Imperdível.
Nota 10
Para as meninas da Ginástica pelo nono lugar geral e pelas três vagas nas finais individuais. Para os jovens do Judô pelas medalhas. Para os tenistas e mesa-tenistas brasileiros que honraram com muita luta o país. Para os boxeadores, quase anônimos, que perderam mais do que ganharam, o que não tem a menor importância. Para os iatistas de nomes estrangeiros que sabem ser brasileiros. Para todos que lá estão com a bandeira brasileira no peito.
,b>Nota 0
Não tem nada a ver com esporte mas não dá para deixar passar. Para o governo desse país de contrastes, que se apóia em exemplos vencedores como o de Ronaldinho para levantar a auto-estima – ou seria se promover – da população enquanto manobra na surdina para que o presidente do BC ganhe status de ministro, apenas para não ter que explicar o inexplicável.