No dia 7 de setembro – data mais significativa impossível – o Brasil começa a longa caminhada rumo à Copa de 2006 já que pela primeira vez a Fifa não premiou o campeão da edição anterior com uma vaga. É o começo das eliminatórias ao redor do mundo, com duas rodadas envolvendo os dez times da Confederação Sul-Americana de Futebol. A seleção brasileira deve mais uma vez garantir a presença na Copa e manter o recorde de 100% de participação, algo que nenhum outro país conseguiu.
Mas como sempre acontece não vai ser nada fácil. Nos próximos dois anos serão 18 desgastantes partidas para jogadores e comissão técnica. A troca constante de treinador – a exemplo das últimas eliminatórias em que a equipe foi treinada por Vanderlei Luxemburgo, Candinho, Leão e Felipão – não deve ocorrer até porque Parreira e Zagallo são homens de confiança de Ricardo Teixeira, o que não é um grande elogio mas conta muitos pontos.
Parreira aliás já fez das suas na primeira convocação. Atendeu ao apelo popular e chamou Alex, do Cruzeiro, que no entanto está longe de ter lugar assegurado na equipe. Da mesma forma acertou em cheio ao levar Diego, Renato e agora Elano – este no lugar do contundido Kleberson, que joga muito mais na seleção do que no clube. Por outro lado, insiste nas insustentáveis presenças de Emerson (não sei o que alguns treinadores enxergam nele), Zé Roberto (que feitos brilhantes ele tem para garantir vaga convocação após convocação) Lúcio e Edmílson (esses dois causam arrepios). Sem falar nos irregulares Roque Júnior e Juan, que alternam lances de craque com falhas bisonhas.
Leva tantos brucutus e deixa de lado o melhor zagueiro do Brasil, Alex, do Santos, melhor do que os quatro outros juntos. Mas como teimosia é o forte da dupla vamos ter que engolir. Pelo menos Zagallo (principalmente) e Parreira deixaram o espírito de vingança de lado e convocaram novamente o goleiro Marcos.
Como o Brasil tem milhões de técnicos, escalo o meu time ideal para o primeiro jogo contra a Colômbia (escolhendo apenas entre os convocados de Parreira e sem poder escalar Ronaldinho Gaúcho que está suspenso): Marcos, Cafu, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Renato, Alex e Rivaldo; Ronaldo e Luís Fabiano. Mas como quem manda é o Parreira, o time dificilmente será muito diferente deste: Dida, Cafu, Lúcio (que dureza), Edmílson (Roque Júnior) e Roberto Carlos; Emerson (com faixa de capitão e tudo), Gilberto Silva, Zé Roberto e Rivaldo; Ronaldo e Luís Fabiano.
Nos outros continentes a disputa começa somente no ano que vem ou em 2005. Antes disso, em novembro, os 196 países já inscritos para a disputa (207 no total quando somados à Alemanha e aos dez sul-americanos) participam do sorteio dos grupos das eliminatórias.
Reta final animada
Antes da parada para que a seleção jogue contra Colômbia e Equador (parece que aos poucos os dirigentes aprendem alguma coisa) o Brasileirão teve uma rodada disputada e interessante. O Santos bobeou contra o fraco mas esforçado Fortaleza e perdeu no saldo de gols a liderança para o Cruzeiro. E se o tricolor cearense tivesse um pouquinho mais de inspiração poderia ter batido o atual campeão.
Já o novo líder mais uma vez contou com o talento de Alex, que marcou três vezes e deu uma assistência para Aristizábal completar os 4 x 1 em cima do Guarani. Mas as duas equipes continuam apresentando altos e baixos e o título permanece totalmente em aberto. Candidato também é o São Paulo, que não apresenta um jogo tão vistoso como o dos dois líderes mas segue aos trancos e barracos em seus calcanhares. Basicamente porque tem Luís Fabiano.
Quem melhora a cada dia é o Goiás, invicto há quatorze jogos e já ocupando posição intermediária na classificação. Ascenção que pode ser prejudicada pela contusão de Dimba, artilheiro da competição, que deve desfalcar o time por quase um mês.
Perto do inferno estão Grêmio e Fortaleza, cada vez mais candidatos à segundona. O irreconhecível tricolor gaúcho já anda confundindo garra com desespero e apela para a violência. O pior é que perdeu para o Fluminense, rival direto na luta para não cair. Os cearenses por sua vez mostram muita disposição e correria mas precisam de mais do que isso para escapar da queda. Logo acima deles está o Juventude, beneficiado pelos pontos que ganhou no tapetão da Ponte Preta. Na inglória batalha encontram-se ainda a própria Macaca e os tricolores baiano e carioca.
Pouco a celebrar
Por aqui, enquanto Paraná e Atlético Paranaense perdiam como quase sempre fora de casa, o Coxa bobeou e deixou escapar dois precisos pontinhos e a chance de ficar muito próximo dos líderes. Jogando bem, o time virou o jogo contra o Atlético Mineiro mas cedeu o empate em um pênalti bobo no final. Ao menos o Internacional, concorrente direto a uma vaga na Libertadores, perdeu pela terceira vez seguida.
O tricolor tomou uma surra de seu sósia baiano. O time perde muito com a ausência de Marquinhos e ocupa agora a pior posição na tabela em todo o campeonato. Tem que se recuperar logo para afastar qualquer risco de rebaixamento. Felizmente já pouco provável.
O Atlético Paranaense mais uma vez voltou de viagem sem o que comemorar. Com apenas 36 pontos o time também precisa se preocupar com a briga na ponta de baixo, que deve ficar cada vez mais ferrenha. Fazer pontos nas próximas rodadas é muito importante para neutralizar qualquer reação.
Nota 10
Para o meia Alex. Melhor a cada dia.
Nota 0
Para a Ferrari que culpou Barrichello pela quebra da suspensão. O processo de fritura está cada vez mais avançado.