Chegou ao fim nesta terça-feira uma das passagens mais vitoriosas da seleção brasileira masculina de vôlei em todos os tempos. O ponteiro Murilo bem que tentou e, mesmo lesionado, foi à Polônia para a disputa da Liga Mundial com o País. Mas a condição física não evoluiu como esperado e o jogador de 35 anos acabou como um dos três nomes cortados por Bernardinho do grupo que vai Olimpíada do Rio, ao lado de Isac e Tiago Brendle.
O baque pelo corte e por ver ruir o sonho de disputar sua última Olimpíada com a camisa que defendeu por 12 anos ficou evidente no desembarque da seleção no Rio, nesta terça-feira, após o vice-campeonato da Liga Mundial. Murilo decretou oficialmente o fim de sua vitoriosa trajetória pela seleção e chorou, principalmente ao relatar a emoção de sua esposa, a também jogadora Jaqueline, e seu irmão, o ex-central Gustavo, com a notícia.
"A Jaque sentiu bastante quando contei para ela. Não falei com meus pais ainda, mas o Gustavo já me mandou mensagem. Foram muitos amigos, muitos fãs, e só tenho a agradecer. A seleção acabou para mim, não como eu gostaria, mas tudo com muita intensidade, amor e orgulho. Fico feliz por representar o meu País por tanto tempo", declarou o jogador.
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Apesar da decepção e da emoção demonstrada, Murilo se apressou em afastar a possibilidade de aposentadoria. "Espero jogar vôlei enquanto estiver me divertindo, um dia poder mostrar para o meu filho, que ainda não entende. Mas outra Olimpíada, nem pensar. Quatro anos é muito tempo. É natural: infelizmente, chega um momento que acaba. E hoje se encerra um ciclo."
A última página de Murilo na seleção não condisse com a grande história do jogador vestindo as cores do País. Em 12 anos, conquistou duas pratas olímpicas, seis títulos da Liga Mundial, dois do Campeonato Mundial e um da Copa do Mundo. Mas em Cracóvia, sequer conseguiu entrar em quadra graças à lesão muscular em sua panturrilha esquerda e viu do banco o Brasil ser atropelado pela Sérvia na decisão da Liga Mundial do último domingo.
A contusão definitivamente foi fundamental para o corte de Murilo, e foi justamente isso que mais incomodou o atleta. Ele ainda passará por exames mais detalhados para saber a gravidade do problema e, diante das quase três semanas para a estreia na Olimpíada diante do México, dia 7 de agosto, acredita que poderia se recuperar a tempo.
"Com certeza, hoje eu não teria condições de entrar em quadra e jogar um jogo inteiro, a panturrilha ia me incomodar. Não conseguimos fazer uma ressonância para ter certeza do grau do problema, se existe a lesão ou se é uma contratura. Então, isso me incomoda um pouco, me deixa com a pulga atrás da orelha. Vou ficar muito incomodado se for alguma coisa muito pequena ou se não tiver lesão e em 15 dias eu tiver condição de jogo. Vai me perseguir bastante isso", admitiu.
O jogador também lamentou o momento em que foi informado do corte, na viagem de volta para o Brasil após o vice. "Ninguém sabia que o corte tinha que ser após a Liga Mundial, voltando para o Brasil, em uma viagem longa. Piorou um pouco as coisas. Não dormimos depois do jogo, estava todo mundo meio virado. Então, isso atrapalhou bastante."