Considerado por especialistas o principal nome da história do boxe amador, o cubano Teófilo Stevenson morreu na noite de segunda-feira, em Havana, vítima de enfarte. O peso pesado foi tricampeão olímpico (1972, 1976 e 1980) e nas 321 lutas que realizou como amador, só perdeu 20 vezes e nenhuma por nocaute. Foram 14 derrotas nas suas primeiras 20 lutas.
Na Olimpíada de 1976, em Montreal, Stevenson obteve um recorde no boxe olímpico ao nocautear seus três primeiros adversários em apenas 7 minutos e 22 segundos. Nos Jogos de Los Angeles, em 1984, devido ao boicote dos países socialistas, foi impedido de tentar o quarto ouro olímpico consecutivo. Dois anos mais tarde, provou sua superioridade ao ganhar o tricampeonato mundial.
Seus braços e pernas longos proporcionavam um estilo bonito de luta, apesar do 1,90 metros e dos mais de 90 quilos. O 1-2 (jab de esquerda, seguido de direito de direita) foi um dos mais perfeitos da história da nobre arte. "Todo mundo achava que eu derrubava os adversários com a direita, mas era com a esquerda mesmo."
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O jogo de pernas era irrepreensível e o tornava rápido como um lutador peso leve. Seus adversários não conseguiam encurtar a distância e eram massacrados com facilidade. Os mais resistentes sofriam castigos que antecipavam o fim de suas carreiras.
Seu desempenho dentro e fora dos ringues o tornou um exemplo para futuros campeões como para o compatriota Felix Savón, que repetiu o feito do ídolo e também ganhou três medalhas olímpicas (1992, 1996 e 2000) entre os pesos pesados. Assim como seu "mestre" não se rendeu aos contratos milionários vindos dos Estados Unidos e jamais se profissionalizou.
Stevenson tornou-se um ícone do regime de Fidel Castro e passou a liderar delegações cubanas nos mais diversos torneios internacionais. "Não estou aqui para falar de política", disse Stevenson durante a Olimpíada de Pequim.
O peso pesado cubano também resistiu aos intensos assédios dos empresários norte-americanos na década de 1970 para enfrentar Muhammad Ali. "De que me vale um milhão de dólares americanos diante da tristeza de um milhão de cubanos", declarou.
Recentemente, Stevenson deu uma entrevista coletiva em Havana negando os boatos de que estaria sofrendo de uma doença grave, apesar de admitir estar com problemas cardíacos. Na década de 1990, Stevenson recepcionou Ali durante uma visita a Cuba. Na oportunidade, os dois brincaram de boxe em um ringue improvisado. "Foi uma pena o mundo não ter assistido a essa luta", disse Stevenson. "Acho que eu venceria, mas seria difícil", afirmou Ali.