Com contrato válido com a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) até 31 de dezembro, o técnico dinamarquês Morten Soubak já anunciou que não continua no comando da seleção feminina de handebol para o próximo ciclo olímpico. E o presidente Manoel Luiz Oliveira garante: "Ele tomou uma decisão unilateral de que está fora".
O treinador sabe que é um caminho sem volta nesse momento e prefere não alimentar mais a polêmica. "Eu não tenho mais nada a acrescentar porque cada dia vem uma versão diferente (sobre a sua saída). Eu quero sair com o que importa mais para mim, que são os momentos incríveis que tive no Brasil, incluindo meu período no Pinheiros, então meu foco está agora no futuro", afirmou.
Após o Torneio Quatro Nações, realizado na semana passada, em Belém, Morten alegou publicamente que não foi procurado pela entidade para estender o vínculo e deu seu trabalho por encerrado. Além de rebater a declaração, o dirigente da CBHb mostrou descontentamento com o posicionamento do comandante. "Eu não me senti confortável. É uma pessoa maravilhosa, mas creio que faltou um pouco de habilidade, para não dizer ética. Esses assuntos eram para serem tratados internamente", criticou.
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Não é a primeira vez que o presidente fica incomodado com as palavras do técnico. "Logo depois do Mundial da Dinamarca, ele deu declarações muito ruins sobre o handebol do Brasil. E agora de novo", afirmou. Na ocasião, o europeu disse que o handebol brasileiro havia piorado após o Mundial de 2013 (quando a seleção feminina foi campeã) e que faltava investimento dos clubes, das cidades e dos Estados no esporte.
Manoel Oliveira alega que a negociação estava em andamento desde junho e que a chance de renovação com Morten Soubak era grande. Segundo ele, a proposta inicial consistia em um contrato de 1º de setembro de 2016 a 31 de agosto de 2017, com aumento salarial. Diante do cenário de incertezas com o patrocínio dos Correios, o presidente diz ter segurado o contrato.
Após os Jogos Olímpicos do Rio, Morten se reuniu com o dirigente na sede da entidade, em Aracaju, e ficou acertado um aditivo no contrato em vigência entre 1º de setembro e 31 de dezembro, com os mesmos valores do anterior. Em setembro, Manoel Oliveira conta ter enviado uma carta para as comissões técnicas agradecendo o trabalho realizado e afirmando que gostaria de contar com os profissionais para o futuro.
O último encontro entre eles se deu em Belém durante o Torneio Quatro Nações. "Expliquei para toda a comissão técnica que a gente teria de esperar um pouco mais para tomar as decisões. Ele esteve comigo na reunião e não me disse que iria sair, que não tinha sido procurado", afirmou Manoel Oliveira.
O dinamarquês acha que sua saída acabou sendo consequência de uma série de coisas, mas prefere não detalhar. Ele até lamenta que tenha treinado o time em Belém em clima de despedida. "É claro que foi uma semana estranha. Foi intenso, porque todo mundo sabia durante a semana que seria difícil", comentou.
De qualquer forma, ele não fecha as portas para um possível retorno no futuro. "Quem sabe. Meu carinho pelo País e coração brasileiro estão iguais. Tenho de agradecer a todo mundo que confiou no trabalho. A qualquer lugar que estive, sempre fui recebido com sorriso e braços abertos."
Morten estava no comando da seleção brasileira feminina de handebol desde 2009 e levou o time ao ápice com o título mundial na Sérvia, em 2013. Para ele, a seleção tem tudo para continuar entre as melhores do mundo. "Eu não duvido do potencial dos talentos que o Brasil tem, e elas também não podem ter dúvidas disso. A equipe tem meninas novas que vão fazer de tudo para chegar bem na seleção adulta."