Não há evidência científica “sólida” que garanta a segurança e a eficácia da utilização da ozonioterapia no tratamento de doenças oculares. O alerta é do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), que destaca: “a adoção dessa abordagem como terapia médica (principal ou complementar) é desaconselhada”, por meio de nota.
A manifestação ocorre depois da recente sanção da Lei 14.648/23, que permite a profissionais de saúde prescrever a terapia de maneira complementar. Para a entidade, a análise de inúmeros trabalhos demostra que, até o momento, a ozonioterapia não tem eficácia comprovada na abordagem de doenças crônicas ou reversíveis e oferece riscos ao paciente.
“O CBO entende que o uso amplo dessa abordagem pode potencializar problemas de saúde”, frisa a nota. Na avaliação do conselho, os médicos podem usar a ozonioterapia somente como terapia experimental, dentro de protocolos de pesquisa aprovados pelo sistema formado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e respectivos comitês.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
A entidade ressalta que, além de não oferecer resultados positivos, a ozonioterapia pode trazer prejuízos ao afastar o doente de outras terapias de efeito comprovado. Entre os fatores que citados está a falta de autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso clínico da ozonioterapia.
“A Anvisa tem reiterado que há indícios positivos dessa prática apenas em tratamentos estéticos, como limpeza de pele, e odontológicos, como a reversão de cáries e infecções”, cita o CBO. “O ozônio é um gás tóxico e corrosivo, que tem ação bactericida. É usado para a assepsia de ambientes, como um desinfetante, e para purificar a água.”
Polêmica
“O CBO acompanhou as discussões no Congresso Nacional, apresentando preocupação com a inexistência de estudos científicos comprovando a eficiência dessa terapia na abordagem de doenças crônicas ou reversíveis e também com a disseminação de informações falsas induzindo o seu uso por pacientes de alta complexidade”, conclui a nota.
Outras entidades médicas externaram posição semelhante ao uso clínico da ozonioterapia, como é o caso da AMB (Associação Médica Brasileira), a ANM (Academia Nacional de Medicina) e o CFM (Conselho Federal de Medicina).