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Respira Mamãe

O dilema da volta às aulas

Marjorie Ostrowski
05 fev 2021 às 19:30

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- Pixabay
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Olá, com toda essa incerteza de reabertura das escolas, tenho a minha opinião sobre o que funciona na minha casa com meus filhos e não é por isso que não compreendo você.


O que muitos de vocês não sabem é que morei em algumas cidades do estado e por isso conheci realidades diferentes, de prefeituras e escolas particulares e municipais. Baseada nessas realidades posso garantir que existe sim muita diferença nas responsabilidade voltada para educação, desde o berçário até a quinta série.

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Diante desta incansável disputa de pais que querem o retorno imediato dos filhos a escola e do outro lado pais com medo porque conhecem uma realidade pouco divulgada em nossa cidade, resolvi buscar informações de educadores que até agora não foram ouvidos. Leiam abaixo o que eles nos contam:

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A professora Silvana A. Caramori Aparecido é educadora há 22 anos aqui no nosso município de Londrina, mãe de 3 crianças, me contou sua opinião, confira:

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É bem difícil de falar volta ou não antes da vacina, porque tem criança que precisariam estar em um lugar como esse, pois essas crianças mal se alimentam, essas crianças mal tem em casa uma alimentação por dia, talvez a escola pudesse ajudar dessa forma, ensinar alguma coisa para que a criança não fique ociosa. Por outro lado, tem crianças que tem tudo em casa e conseguiram evoluir muito em casa com os pais, tem uma estrutura mínima necessária, porque os pais dão atenção e cuidam.


Tem mães que saem para trabalhar e deixam os filhos na casa do vizinho com cinco, seis crianças, isso quando não é a própria criança que cuida de outros menores que ela. Talvez essas crianças estivessem mais protegidas na escola. As crianças tem dificuldade de ficar com máscaras, tem? Ficam irritados de máscaras? Ficam! Eles ficam irritados de ficar no lugar sem poder levantar, sem poder abraçar o amigo? Sim! Vai ser mais difícil de controlar na escola? Vai, mesmo assim elas ainda estariam mais protegidas na escola.

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A sociedade acredita que os professores não estão trabalhando porque não querem trabalhar, porque ganham seu salário, por que estão concursados, porque estão com preguiça de sair de casa, só que ninguém vê que nessa pandemia muitos de nós trabalhou ao invés de 4 horas por padrão, trabalhou 6 horas, eu mesma em alguns dias levantei as 7 horas da manhã e saí de lá às 17 horas com meia hora de almoço, trabalhei sábado, domingo, trabalhei a noite, só que ninguém vê isso.


Todos só veem que nós não estamos "trabalhando na escola", mas o fato de não estar na escola não indica que não estamos trabalhando. Hoje trabalhei o dia todo, fiz vídeo, participei de reunião, fiz pesquisa de material, produzi aula, só que para uma parcela da sociedade o professor é aquele que não quer ir trabalhar que tem preguiça, que já recebeu seu dinheiro sossegado e não é bem assim, nós não ficamos em casa sem fazer nada, mas ninguém vê isso.

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Até para nós professores seria muito mais fácil voltar para escola, porque nós poderíamos mostrar para o pais o trabalho. Há duas vertentes muito difíceis de conciliar tem aquele pai que entende que a educação é essencial e aquele pai que pede o retorno a escola porque não quer o filho dentro de casa, então é muito difícil generalizar, mas eu acho que deveria ser facultativo, aquele pai que acha que existe a possibilidade da criança ir a escola que leve.


Com carinho Silvana A. Caramori Aparecido.

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E agora com Camila Angelis , foi professora em nossa cidade, mas hoje mora em outro país, tornou-se mãe e é escritora.


"Como eu já disse, não há resposta fácil ou indolor, mas nos anos como professora de rede municipal de ensino, descobri que o mundo que via da minha janela, ou da realidade dos meus alunos de escola particular é muito diferente do mundo das crianças de escolas públicas.

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Para exemplificar, lembro da minha primeira semana, quando uma tímida aluna, se aproximou e me fez um pedido:
-Tia, você pode falar com a tia de educação física?
- O que aconteceu?
Eu lhe perguntei
- Ela falou que na próxima semana, não poderá fazer aula quem, esquecer de vir de tênis, mas eu não tenho tênis!
....
Aquele foi o primeiro choque de realidade de muitos que eu ainda levaria.
Sei que sou privilegiada em muitos aspectos, mas não posso me permitir esquecer daquela e de tantas outras crianças. Sei que o sofrimento delas durante a pandemia, vai muito além de ficar em sua casa, de usar o tablet mais horas do que deveria, de não poder ter feito uma viagem nas férias.


Para elas, a pandemia veio com fome, abuso, agressão e um abismo cada vez maior entre o mundo delas e o mundo do privilegiados. Então, não deveríamos pensar em soluções que favorecessem todas as crianças?

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Camila deixa sugestões para volta às aulas:
- Vacinação imediata dos profissionais de Educação para um retorno híbrido das aulas.
- Mutirão de famílias do bairro para organizar, limpar e arrumar as escolas públicas.
- Adoção nas escolas particulares de escolas públicas para o fornecimento de álcool em gel e máscaras e outro materiais necessários
- Cobrança ao poder público de políticas para o retorno seguro das aulas.


Com carinho Camila.

Espero ter ajudado você com esse momento incerto. Gostou? Compartilhe e me siga no Instagram @respira.mamae
Até a próxima


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