Dona Maria Aparecida Borges é empregada doméstica e mora nas proximidades do jardim São Jorge, na zona norte de Londrina. Por dia precisa de três ônibus para ir ao trabalho, na zona sul, e outros três para voltar para casa. “É um ônibus até o terminal do Vivi Xavier, outro até o terminal central e mais um até o apartamento. Acordo às 5h30 para dar tempo. Se tivesse um coletivo direto, por exemplo, acredito que iria facilitar”, comentou.
O Plano de Mobilidade Urbana de Londrina identificou que a cidade vive uma expansão desorganizada e que o custo social deste crescimento urbano espraiado chega a cerca de R$ 30 milhões por ano, ou seja, esse valor é perdido por pessoas, como é o caso da dona Maria, ou deixa de ser gerado para o município com deslocamentos longos, demorados e muitas vezes desnecessários.
“Infelizmente isso aumenta a desigualdade social. As pessoas que vivem mais longe são obrigadas a gastar mais tempo nos deslocamentos e, na maioria das vezes, são as pessoas mais vulneráveis”, refletiu Tadeu Felismino, presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina).
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Para reverter prejuízo em benefício - com a melhora da atual mobilidade urbana -, o instituto vai realizar neste sábado (15) a audiência pública sobre a Lei do Sistema Viário, que é uma das oito leis complementares do Plano Diretor Participativo, sancionado pelo prefeito Marcelo Belinati em janeiro deste ano. A população poderá participar do encontro, que vai acontecer no auditório da prefeitura, das 8h às 12h, de forma presencial ou remota. As pessoas ainda poderão fazer sugestões e tirar dúvidas quanto às propostas.
Cidade mais concentrada
Segundo Felismino, a grande novidade na atualização da Lei do Sistema Viário é a incorporação do Plano de Mobilidade, confeccionado por uma empresa privada entre 2018 e 2021, com investimento do município. “Esse estudo foi coordenado pelo Ippul e constatou que Londrina vem crescendo ao longo das décadas e, ao invés de buscar a centralização, vem se espalhando e isso tem impacto direto na mobilidade”, destacou.
Por isso, o conteúdo do Plano Diretor e das leis específicas tem defendido uma cidade mais concentrada. “Não em apenas um único centro, mas que tenham vários centros nas regiões da cidade, em que as pessoas possam fazer tudo a pé ou de bicicleta”, afirmou.
O Plano de Mobilidade identificou que Londrina tem aproximadamente 823 mil viagens por dia, sendo que 76% são por meio motorizado, com 57% (466 mil) com carro e moto e apenas 18% (151 mil) utilizando o transporte coletivo.
O diagnóstico e proposições sobre o sistema viário propõem, a partir dos estudos dos últimos anos, a realização de obras para os próximos cinco, dez e quinze anos (confira abaixo). “São pontos de gargalos que atrasam o deslocamento, causam lentidão, congestionamento nos horários críticos. As obras foram elencadas levando em conta a relação custo-benefício”, pontuou.