A PCPR (Polícia Civil do Paraná) avançou na investigação da morte dos jovens Júlia Beatriz Garbossi Silva, 23, e Daniel Takashi Suzuki Sugahara, 22, ocorrida na madrugada de domingo (3) no bairro Jardim Jamaica, na zona oeste de Londrina, e cujo suspeito é Aaron Dellesse Dantas, 23, que está preso. Uma terceira vítima, colega de apartamento de Garbossi e namorada de Sugahara, foi atingida com golpes de faca e sobreviveu.
O delegado de Homicídios de Londrina, João Batista dos Reis, afirmou nesta segunda-feira (4), em entrevista coletiva, que a Polícia Civil já ouviu a jovem sobrevivente, que negou ter tido qualquer tipo de relacionamento amoroso com o acusado dos crimes.
“Ela relatou que conheceu o autor no passado porque eram amigos e trabalhavam no mesmo local”, apontou o delegado, citando que o suspeito “sempre demonstrou interesse em um relacionamento amoroso, só que ela deixou claro que não tinha esse interesse”.
Leia mais:
Em Londrina, comerciante é preso suspeito de latrocínio de PM
Homem ameaça companheira, é preso e debocha de policiais urinando no chão em delegacia em Arapongas
Adolescente é apreendido após ser acusado de roubar bolsa de idosa em Londrina
Passageira de moto morre em acidente com ônibus na BR-369, em Rolândia
Durante a audiência de custódia, Dantas optou por permanecer em silêncio e teve a prisão preventiva decretada pelo TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná). Com isso, a PCPR tem dez dias para concluir o inquérito.
Sobre a dinâmica do crime, Reis explicou que foi apurado que outras pessoas estavam na casa mas, por volta da 1h, todos foram embora e ficaram a jovem, Daniel e Júlia. “Ela acordou de madrugada já com o indivíduo em cima dela e ficou sem entender, achando que era uma questão de paralisia do sono, até que ela percebeu que estava sendo vítima de ferimentos por arma branca”, explicou o delegado.
“Pelo contexto que nós vimos ali, me parece que ele [Daniel] já havia sido atingido quando ela percebeu”, explicou, citando que Garbossi foi em socorro e também foi esfaqueada.
A jovem sobrevivente foi presa com uma corda e algemas por algumas horas, mas conseguiu convencer o agressor a levá-la até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Sabará, garantindo que afirmaria ter sido vítima de um assalto. Segundo Reis, foi na unidade de saúde que ela conseguiu relatar o que havia acontecido. Após a prisão de Dantas, foram encontrados com ele uma faca e um canivete.
LEIA MAIS SOBRE A INVESTIGAÇÃO NA FOLHA DE LONDRINA:
NOTA DO NÉIAS - OBSERVATÓRIO DE FEMINICÍDIOS LONDRINA
Na noite desta segunda-feira (4), o Néias - Observatório de Feminicídios Londrina enviou nota sobre informações colhidas com a estudante que sobreviveu ao ataque feminicida. Confira:
- que ela e Daniel Takashi Suzuki Sugahara, uma das vítimas fatais do atentado, eram melhores amigos e estavam iniciando um relacionamento;
- que ela e Aaron, o autor dos crimes, jamais tiveram envolvimento amoroso;
- que conhecia o autor dos fatos de um antigo trabalho e, por um tempo, foram amigos. Porém, ela optou por se afastar ao perceber a intenção amorosa do rapaz;
- diante do afastamento, Aaron passou a stalkear (perseguir) a vítima pelas redes sociais;
- que a vítima fatal, Júlia Beatriz, igualmente, nunca teve envolvimento amoroso com o autor dos fatos;
- que ela, Júlia e Daniel eram amigos e trabalhavam juntos.
A sobrevivente faz questão de encaminhar seus pêsames às famílias de Júlia Beatriz e Daniel.
Neste momento é o que pode dizer no sentido de contribuir para a divulgação correta e elucidação dos fatos.
Néias aproveita esta comunicação para esclarecer que a Lei do Feminicídio (13.104/2015) não restringe sua aplicação a crimes nos quais há relacionamento íntimo prévio entre vítima e autor, mas àqueles nos quais há menosprezo pela condição "do sexo feminino". Aplicando-se ao caso em questão, uma vez que o autor dos fatos agiu motivado pelo sentimento de posse da vítima sobrevivente.
(Atualizada às 20h32)
LEIA MAIS SOBRE O CASO: