Lá no planeta Kripton, lar do super-homem, os bandidos são condenados à morte. Mas os maus, realmente os muito maus, são condenados a continuar vivos. E eternamente. Paradoxal, não? Mas agora, vem a pena; são condenados a viver em outra dimensão chamada de, "Zona Fantasma". Lá não existe cor (e para demonstrar isto os quadrinhos são cinzentos, só tem o contorno), não existe a alegria, não existe o sono, não existe o sorriso. Lá não existe o gosto, não existe o prazer. Em resumo, o estado de maior tortura da vida; gastá-la, dia a dia, vê-la passar como um fardo, na condição de zumbis, mortos-vivos. Sem gozá-la. E para piorar a miséria de sua existência, ainda com a visão do mundo colorido para lembrá-los permanentemente dos prazeres realmente caros da vida. Até mesmo da importância da tristeza, do choro que nos tempera, que nos melhora. Mas o mundo colorido não os vê, não os escuta, deixando desta forma ainda mais clara a sua condição de párias, de renegados, de marginais. Interessante, muito interessante a lógica de toda esta "ficção", não? Acontece que tudo isto, de uma certa forma, não é uma ficção. E tem a ver com esta frase despretenciosa e simplesinha que está aí em cima.
No "nosso mundo",
é impressionante a quantidade de pessoas que vive em Zonas Fantasmas. E sem saber ou, melhor, sem perceber. E isto é o mais incrível de toda esta provocação que estou começando. Só que existe uma grande diferença entre as Zonas Fantasmas de Kripton e da Terra. Lá, as pessoas são exiladas contra a sua vontade. Aqui, nos (auto)exilamos por que queremos(ou por que deixamos). E é fácil descobrir em que dimensão vivemos; quando sozinhos com nosso travesseiro, façamos a nós mesmos algumas perguntas; como está a nossa vida? Alegre? Colorida? Emocionante? Gostosa? Saborosa ou,.. bem, ...com gosto de sopa de chu-chú (sem sal)?
Misturando esta grande idéia da estória do super-homem com a frase que abre este artigo, ela fala dos três crimes que um cidadão pode cometer para auto-condenar-se a, diariamente, viver na Zona Fantasma;
No trabalho,
quantas são as pessoas que não gostam do que fazem. Mas todos nós sabemos de tantos casos de pessoas que se tornam referencia, justamente por que rompem com o seu cômodo destino traçado. E fazem sua nova estrada; é o médico que tinha no surf sua grande paixão, que amava Garopaba ( S.C.) onde a temperatura da água pode ser definida como um gelado-polar. E que largou a medicina para criar uma pequena fábrica de roupa de neoprene para surf que, hoje, é respeitada como uma das melhores roupas do mundo. É o menino, sem muita perspectiva na vida, franzino, que se tornou um fisiculturista de tal qualidade que foi Mr. Universo, que não falava inglês mas virou ator em Hollywood. E dono de algumas das maiores bilheterias do cinema. E que se tornou o 1º governador estrangeiro nos EUA.. E do Estado mais rico que, sozinho, tem um PIB(bem maior) do que do Brasil. Está bem, neste campo as estórias de sucesso perdem(em muito) para as estórias dos que quebram a cara pois, como diz o poeta, "são demais os perigos desta vida". Legal quando dá certo mas, não, não quero ser um sonhador; loucos sonhos tem, estatisticamente, ínfima chance. Especialmente nos dias em que vivemos a realidade é muito dura com sonhos. Mas, e este é o ponto, devemos buscar o equilibrio entre estes dois extremos. Obs.; um dos princípios mais interessantes do Budismo é o que eles chamam de "O Caminho do Meio". Mas como aplicá-lo na vida profissional? Primeiro passo; acreditar que em nenhum campo da atividade humana tudo é lindo, perfeito, só felicidade(e achar isto, é a prova maior de imaturidade). Tenha você a certeza de que neste momento, se pudéssemos ver o Bill Gates trabalhando, o Antonio Ermírio de Morais, o Abilio Diniz, veríamos que eles estão enfrentando altíssimos e estressantes problemas irritantes, chatos, que não gostariam de ter. Conclusão; ao invés de sonhar com um trabalho perfeito, tornemos o nosso trabalho mais agradável, com menos problemas, mais leve, sejamos construtivos, positivos pois aí, até sem querer, nele teremos prazer, conseqüentemente, por ele não faremos só por dinheiro e não estaremos na Zona Fantasma.
No amor,
difícil fazer um caminho do meio. Aí é um pouco diferente; nos joguemos de cabeça quando realmente encontrarmos algo verdadeiro que nos constrói, que nos melhora, que é companheiro, que é desprendido. E para encontrá-lo temos que, digamos,"estar preparados". E estar preparado significa, por exemplo, termos ainda guardado, que seja lá no fundo, um pedacinho da luz daquele nosso 1º olhar inocente da paixão. Não o percamos no tempo pois se ele ainda existir, um dia será reconhecido... É isto que esta frase quer dizer com "ame como se nunca tivesse se machucado". Pois que ninguém me diga "que é assim" por que antes sofreu por amor, "que é assim" por que tem medo de sofrer de novo e outros tantos clichês, frases feitas que só devem servir para nos mostrar que aquela pessoa é de um comum tão raso. Não acreditemos, por que estas pessoas possuem uma grande tendência a caminhar para a Zona Fantasma. E nos levarão junto..., isto é o pior...
Na Vida,
"dance, dance,... nunca se importando se alguém.. estiver olhando". Não foi sem querer que o autor desta frase deixou esta parte por último; é o mais importante. O "dançar" significa "tenha atitude" e aqui, sem comentários; seria pretensão minha dizer o que é(ou o que deveria ser) ter atitude; cada um de nós sabe, dentro do nosso pequeno universo. O "nunca se importando.." significa não deixe alguém "fazer" a sua vida ou, talvez melhor, "viver por você" a sua vida e isto, infelizmente, é tão comum.
Enfim, abra suas asas, as asas da liberdade. Saiba usá-las, talvez até, descubra que as possui pois, como dizia Disraeli, "A vida é curta demais para ser pequena"......