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Fungo protege o vegetal

Pesquisa de professora da Uenp potencializa controle biológico da Ferrugem da Soja

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
10 set 2021 às 14:30

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- Uenp
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A soja é a principal commodity brasileira. Somente na safra 2020/21, o Brasil deverá alcançar a produção de 268,9 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Mas os dados animadores são sempre acompanhados de muita preocupação pelos sojicultores que convivem ainda com a temida doença FAS (Ferrugem Asiática da Soja), que pode causar perdas de 30% a 90% da produção, dependendo das condições ambientais e do manejo que se dá à cultura, relata a professora do mestrado em Agronomia da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), Mayra Costa da Cruz Gallo de Carvalho. À frente de uma pesquisa para controle biológico da doença, a pesquisadora isolou fungo colonizador de lesões da ferrugem da soja e identificou formas de uso no biocontrole da doença.


As condições climáticas são fundamentais nas epidemias de FAS, uma vez que as chuvas bem distribuídas ao longo da safra favorecem o rápido desenvolvimento da doença e quanto mais tarde a doença chega menores podem ser os danos à produção. “As perdas em decorrência da FAS foram brutalmente controladas com o emprego de fungicidas químicos, mas desde as safras de 2003/2004 esse controle tem sido menos efetivo, em função da evolução da resistência a campo com consequente queda de eficiência dos químicos. Hoje não se consegue controlar da mesma forma que antes a ferrugem com os químicos disponíveis, temos uma porcentagem de controle que fica entre 40 e 70%”, aponta Mayra. Além disso, o uso de químicos vem sendo cada vez mais questionado pela sociedade como um todo por razões ligadas à saúde humana e ambiental.

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O fungo identificado como agente de biocontrole da FAS pertence a um gênero de fungos que atua como promotores de crescimento em plantas e com habilidades de proteção do vegetal contra uma variedade de doenças. No entanto essa é a primeira vez que o gênero é apontado como agente de controle da ferrugem o que possibilitou o depósito de um pedido de patente.

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Através da pesquisa desenvolvida na Uenp, foi feita a identificação de microrganismo que naturalmente ocorre nas lesões da FAS, o microrganismo foi isolado, multiplicado e testado de forma in vitro, e in vivo em experimentos em casa de vegetação e em duas safras a campo. “Obtivemos como resultado um bom controle da severidade da doença na pulverização preventiva do agente de biocontrole”, explica a professora.

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Os métodos desenvolvidos pela pesquisa caracterizam-se pelo uso do biocontrole de forma preventiva, antes da infecção inicial da FAS, porém uma eficiência maior deverá ser alcançada com mais aplicações. A professora explica que a ferrugem é uma doença policíclica, inicia um novo ciclo a cada 8 ou 10 dias, então a prevenção pode ser pensada também a cada ciclo de esporulação. “Agora estamos testando um número maior de aplicações no campo. Nos dois primeiros testes a campo foi realizado uma única aplicação, de forma preventiva a chegada da doença, que resultou em controles positivos de até 30%. Agora temos ensaios no campo onde vamos aumentar o número de aplicações. Assim como se faz com fungicida, será aplicado de duas até quatro vezes, para ver se aumenta a eficiência”. Nesse momento, estamos também com uma parceria firmada com a empresa Leaf Agro para aumento da eficiência do produto e testes de registro.


Para a pesquisadora, um achado relevante da pesquisa é que um dos métodos desenvolvidos requer a pulverização da suspensão de esporos do fungo, mas a pulverização apenas do meio

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líquido de crescimento do fungo, livre de qualquer estrutura dele, apresenta também resultados significativos no controle da doença. Ensaios conduzidos a campo, em associação dos métodos de biocontrole ao uso de fungicidas químicos convencionais, mostraram ainda que o fungo coloniza as lesões de ferrugem mesmo após aplicação dos fungicidas, o que é importante para uma possível integração do biocontrole às práticas de manejo da FAS.


A princípio, segundo Mayra, as descobertas trazem dois benefícios para a agricultura. Um é a potencialidade de uso como controle biológico na agricultura orgânica. O segundo benefício é a possibilidade de integrar o agente biológico ao manejo da cultura já realizado.

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A pesquisa ainda está em andamento, o grupo está desenvolvendo outros projetos relacionados, como a investigação por microscopia eletrônica, para poder identificar se há interação direta ou não do agente causador da ferrugem da soja Phakopsora pachyrhizi e o isolado. Como o isolado obtido também mostrou atividade inibitória sobre a ferrugem apenas quando seus metabólitos foram pulverizados, a pesquisa também pretende a identificação dos metabólitos produzidos pelo microrganismo, para saber se é algo já conhecido ou novo. “A pesquisa teve início em 2017 com a acadêmica bolsista de Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica), Larissa de Assis Carretts, e continuou com outros estudantes, inclusive um estudante de mestrado, Everson Pedro Zeny. Atualmente, com a parceria estabelecida via Aitec (Agência de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual da Universidade Estadual do Norte do Paraná), esperamos em breve ter um produto pronto para o mercado”, conclui a pesquisadora.


Pesquisa premiada - A pesquisa desenvolvida pela professora Mayra Gallo recebeu prêmio no Prime (Programa de Apoio à Propriedade Intelectual com Foco no Mercado), do Governo do Paraná, por meio da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.


O Prime tem foco na transformação do resultado de pesquisas acadêmicas em produtos com potencial de mercado, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Paraná. A professora Mayra conquistou o terceiro lugar entre os cinco finalistas, com o “Bio-HiJAck, fungicida biológico para combater a ferrugem-asiática”, conhecida como doença da soja.

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