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Após 3 meses do acidente

Filha e ex-mulher de músico morto em ônibus de Conrado e Aleksandro reclamam de falta de amparo

Bruno Souza - Estagiário*
10 ago 2022 às 19:00
- Reprodução/ Instagram
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Três meses após o acidente com o ônibus da dupla Conrado e Aleksandro, que matou seis pessoas - entre elas o primeira voz Aleksandro - e deixou 11 feridos, a esposa de um dos músicos da banda expõe as consequências da tragédia, além da falta de amparo da empresa que geria a dupla.


A londrinense Josiane Avancini foi companheira por cinco anos de Roger Aleixo Calcagnoto, baterista da dupla sertaneja por cerca de três meses. Juntos, realizaram o sonho de ter uma filha, hoje com seis anos. No entanto, o acidente, ocorrido no dia 7 de maio, causou sequelas irreparáveis tanto na filha, quanto na ex-esposa de Roger, responsável pela criança. Agora, Josiane busca na justiça o direito de amenizar os impactos do acidente em sua filha, que passa por problemas psicológicos devido à ausência do pai.

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O acidente que matou Roger Calcagnoto e mais cinco pessoas ocorreu enquanto a banda se dirigia para mais um show. O motorista do ônibus perdeu o controle na rodovia Régis Bittencourt, na altura de Miracatu (SP), saindo da pista e tombando no canteiro central. A criminalística apontou que a causa do acidente foi a explosão de um dos pneus do veículo. O laudo também diz que o ônibus trafegava em alta velocidade


As vítimas da tragédia foram Wisley Aliston Roberto Novais (músico), Marzio Allan Anibal (músico), Giovani Gabriel Lopes dos Santos (roadie/técnico), Gabriel Fukuda (técnico de luz), Aleksandro (cantor) e Roger, baterista e ex-marido de Josiane.

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A notícia


Josiane conta que a notícia da morte de Roger foi um dos piores momentos de sua vida. Ela diz que havia conversado com ele no dia anterior ao acidente e que ficou sabendo da informação por grupos em redes sociais.

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"Lembro como se fosse hoje. Estava trabalhando e, quando parei para almoçar, vi os grupos compartilhando. Liguei desesperadamente para a mãe e irmã dele [Roger], e elas não sabiam de nada. Eu fui ligando para os amigos próximos, e ninguém sabia me informar. Aí eu vi pela televisão quando anunciaram a morte do Aleksandro. Eu fiquei muito apavorada, e a minha filha estava com a vó. Depois de um tempo, um amigo retornou a ligação, anunciando que o Roger tinha falecido", relembra.


A manicure afirma ter ficado em choque com a notícia. A sua maior preocupação era falar sobre o assunto com a sua filha. "Eu, como mãe da filha dele e amiga, entrei em choque porque não sabia como contar. Como vou chegar em casa de noite e falar para ela que ele não está? Ainda mais que ele tinha falado que ia chegar no domingo para fazer almoço para eles [familiares]. Eu fui ver a mãe dele e dar o apoio à família", conta.

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Traumas e dificuldades


A ex-esposa de Roger diz que não esperou para contar à filha sobre a morte do pai, mesmo temendo a reação dela. "Eu sentei e ela já disse 'é, o papai sofreu acidente, machucou a perna e já tá bem, né?', aí eu pedi muito para Deus me ajudar a lidar com a situação. E eu conversei com ela e expliquei. Ela entrou em estado de choque, chorou e gritou. Eu dei um remédio para ela, um calmante natural. Ela não acreditou e ficou questionando 'por que Deus tirou ele dela?', 'por que logo o pai dela?', 'por que Deus deu esse sofrimento pra ela?' e, de lá para cá, são todos os dias", lamenta.

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Josiane ainda diz que, nesses três meses, não conseguiu dormir e nem dar continuidade à vida, devido aos choros constantes e questionamentos da filha. "Na mesma hora que eu acho que ela tá bem, ela desmonta. Está com muita dificuldade. As aulas dela voltaram na semana passada, e ela foi só um dia. Não consegue ir, pelo medo de eu sair e não voltar mais".


Devido aos problemas desenvolvidos pela filha, a manicure teve que pedir demissão do salão de beleza em que trabalhava. Após isso, a situação só piorou. Josiane conta que passou necessidades e, se não tivesse a ajuda de sua mãe, até passaria fome. “Eu pago aluguel, tenho que bancar um apartamento. Se eu não for trabalhar, não tenho dinheiro. Está tudo atrasado. Com relação a alimento, é a minha mãe quem está me ajudando, tirando da boca dela”.

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O maior problema enfrentado, segundo Josiane, é o estado psicológico em que sua filha se encontra. “Já passou da hora de ela ter um psicólogo. O Dr. Eduardo [advogado] pediu várias vezes para eles ajudarem pelo menos com isso. A minha filha parece que não existe para eles. O Roger morreu trabalhando para eles. Não é justo eles virarem as costas sabendo que tem uma menina de seis anos que precisa de ajuda”, relata.


Auxílio e processo

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Mesmo afirmando que ninguém da banda ligou para perguntar sobre a situação financeira e emocional dela e da filha nesses três meses, Josiane diz que recebeu, no mês de junho, um auxílio de R$ 3 mil, mas que não teve continuidade.


De acordo com o advogado Eduardo Barbosa, em uma reunião entre a empresa e os familiares das vítimas, acompanhados dos respectivos advogados, foi informado que, inicialmente, o seguro da banda pagaria o valor de R$ 100 mil a cada família. No entanto, um tempo depois, o advogado da banda anunciou que nada mais pagaria, colocando a responsabilidade na concessionária do veículo.


O advogado ainda afirma estar recolhendo elementos para ajuizar a ação e diz que o caso requer, sem dúvidas, indenizações. “Vai ser uma ação de indenização por danos materiais e morais, porque o Roger morreu trabalhando e a sua filha tem direito a dois terços do salário até a expectativa de vida dele. E também o dano moral, pois uma menina de seis anos não vai ter mais a convivência com o pai”, explica. Segundo ele, o fato do baterista não estar com carteira assinada não atenua a responsabilidade da empresa.


Eduardo Barbosa também destacou a falta de sensibilidade por parte dos advogados da banda em se recusarem a pagar o tratamento psicológico da criança. “Pedimos extrajudicialmente, mas não houve a menor sensibilidade por parte da empresa e seus advogados. Uma criança de seis anos chorando, dia e noite, chamando pelo pai, pedindo um tratamento psicológico que foi negado, isso demonstra a desumanidade dessas pessoas”, encerra.


Versão da empresa


Em nota, a assessoria da Singular Produções Artísticas, escritório que gerenciava a carreira de Conrado e Aleksandro, “esclarece que, após o acidente com o ônibus da dupla, ofereceu auxílio financeiro e psicológico solicitado e necessário às vítimas e aos familiares das vítimas fatais, até que fosse iniciado os procedimentos de solicitação de indenização junto à seguradora”.


A nota ainda diz que “o ônibus em que Conrado e Aleksandro viajavam com a equipe e se envolveu no acidente tinha seguro total, garantindo indenizações às vítimas e beneficiários em caso de acidente. E, após o ocorrido, o escritório da dupla deu todo o auxílio e orientações aos envolvidos nesse contato com a empresa responsável, no que se refere ao pedido de indenização e recebimento dos valores”.


A empresa afirma “se solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos, perdas que também são muito sentidas por todos, e tem procurado ajudar, como foi o caso do auxílio financeiro repassado a todos como forma de apoiar até que recebam o seguro".


Sobre o seguro de vida e o vínculo empregatício de Roger, a nota diz que "os trâmites são necessários, e a Singular Produções tem acompanhado de perto o trabalho da seguradora, que é responsável pelo pagamento de indenização às vítimas e beneficiários, sendo que três famílias das vítimas fatais já receberam o seguro, e que a liberação das indenizações dos demais casos se encontram em andamento junto à seguradora. Sobre vínculo empregatício, os músicos e demais integrantes da equipe de Conrado e Aleksandro na ocasião trabalhavam como freelancers, pois a dupla ainda não havia retomado à média comum de shows, pós-pandemia. Mas, com o aumento da agenda de compromissos, a partir de maio, havia a intenção de todos serem registrados novamente”.


Questionada sobre a nota, Josiane afirmou categoricamente que o texto não reflete totalmente a verdade. Outros familiares de vítimas fatais do acidente foram procurados, mas não quiseram falar sobre o assunto.


*Sob supervisão de Fernanda Circhia


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